A droga e o jovem
Rosa Maria Silvestre Santos
O jovem desprovido de maturidade emocional, vivendo a complexidade da vida humana, o medo de enfrentar dificuldades, as frustrações e o modismo é um forte candidato para as drogas.
O jovem usa droga para:
- reduzir tensão emocional - ansiedade;
- remover o aborrecimento;
- alterar o humor;
- facilitar encontrar amigos;
- resolver problemas;
- seguir os colegas;
- ficar na moda;
- expandir a consciência - transcender;
- buscar o auto-conhecimento;
- atingir o prazer imediato; etc.
O jovem usuário de drogas tem dificuldade de formar um "eu" adulto e fica sempre com uma sensação de incompletude, a droga age como um cimento nas fendas da parede que completa seu "eu", é a conhecida fase do "estágio do espelho quebrado" em que Olieveinstein (1991, apud Bergeret & Leblansc) diferencia o usuário do toxicômano.
As carências constituídas na primeira infância acarretam esta "falta" ou "incompletude" e a droga vem para completar.
O início do uso de drogas é uma lua de mel.
Os pais ficam longos anos desconhecendo que o filho as utiliza.
Depois da lua de mel vem o desconforto de estar sem o produto, aumenta a "tolerância" (necessidade de mais doses para o mesmo efeito) e a "dependência" (dificuldade de controlar o consumo).
Geralmente, encontramos jovens que usam drogas legais e ilegais nos shows e festinhas, mas não se consideram dependentes delas.
"Brincam com fogo" e desprezam toda informação científica que alerta sobre os perigos da "tolerância" e da "dependência".
A experiência internacional (Carlini,Carlini-Cotrim & Silva-Filho,1990), constata a existência de três fatores que, juntos, favorecem o desenvolvimento da "toxicomania" ou "dependência química", são eles: a droga, o jovem e sua personalidade e o momento dele dentro da família e sociedade.
O que leva o jovem a fazer uso de droga é a busca do prazer, da alegria e da emoção.
No entanto, este prazer é solitário, restrito ao próprio corpo, cujo preço é a autodestruição.
Tudo isto faz esquecer a vida real e se afundar num mar de sonhos e fantasias.
Esta é uma opção individual, se bem que, muito condicionada ao papel do grupo.
"O uso de drogas pode ser uma tentativa de amenizar sentimentos de solidão, de inadequação, baixa auto-estima ou falta de confiança."
Silveira, 1999.
Além do prazer, a droga pode funcionar como uma forma de o adolescente afirmar-se como igual dentro de seu grupo.
Existem regras no grupo que são aceitas e valorizadas por seus membros, tais como: o uso de certas roupas, o corte de cabelo, a parada em certos locais e a utilização de drogas.
É no grupo que o jovem busca a sua identidade, faz a transição necessária para alcançar a sua individualização adulta.
Porém, o jovem tem o livre-arbítrio na escolha de seu grupo de companheiros.
O tipo de grupo com o qual ele se identifica tem tudo a ver com sua personalidade.
Outra motivação forte para o jovem buscar a droga é a transgressão.
Transgredir é contestar, é ser contra a família, contra a sociedade e seus valores.
Uma certa dose de transgressão na adolescência é até normal, mas quando ela excede com drogas, representa a desilusão e o desencanto.
Os jovens, muitas vezes, utilizam determinada droga para apontar a incoerência do mundo adulto que usa e abusa das drogas legais como álcool, cigarro e medicamentos.
Acreditam que os adultos deveriam ser um "porto-seguro", um referencial da lei e dos limites.
No entanto, muitos adultos não pararam para refletir sobre isso.
A "onipotência juvenil" é uma característica da adolescência que faz com que o jovem acredite que nada vai acontecer.
Pode transar sem camisinha e não vai engravidar ou pegar AIDS ou DST, pode usar drogas e não vai se tornar dependente.
No entanto, é ainda maior o risco de dependência, no jovem quando:
- possui dificuldade de desligar-se da situação de dependência familiar;
- existem falhas na capacidade de reconhecer-se como indivíduo adulto, capaz e separado dos outros;
- possui dificuldades de lidar com figuras de autoridade, desafia e transgride compulsivamente.
Os adolescentes sofrem influências de modismos e de subculturas, são contestadores, sofrem conflitos entre a dependência e a independência, têm uma forte tendência grupal, um desprazer com a vida urbana rotinizada e uma grande ausência de criatividade.
Alguns adolescentes fazem a descoberta do valor da vida em confronto com a morte, através de esportes violentos, pegas de carros, roleta russa, anorexia nervosa, suicídio e drogas.
A primeira onda de socialização da droga surgiu nos anos 60.
Muitas pessoas começaram a questionar a realidade social e procurar uma cura psíquica na natureza, já que o mundo urbano não oferecia alternativas.
Aprenderam a usar certas plantas para modificar a percepção consciente, era a época dos hippies.
Hoje, depois de 30 anos conhecemos o grande equívoco, definitivamente todas as drogas causam dependência e esta "falsa" sensação divina acaba anestesiando a realidade individual de não se sentir "bom o bastante".
Segundo Griscom, o desejo de drogas é sempre a busca de algo mais.
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