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O Sermão da Montanha - 2196

O Sermão da Montanha

Doutrina Espírita  

 


 


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“Entendendo o Evangelho com a Doutrina Espírita”

Autora: Fátima Granja

Estudar Kardec para entender Jesus”, é uma frase emblemática na Doutrina Espírita, que à primeira vista pode parecer pretensão dos espíritas.

O que realmente acontece é que de posse dos ensinamentos da Doutrina Espírita com as verdades fundamentais que ela sustenta podemos entender a mente do Cristo – um Espírito de ordem Superior que encarnou na Terra na condição de missionário enviado pelos mais altos planos que dirigem a obra de Deus.

Isso pode ser explicado da seguinte forma:

  1. Quando Jesus encarnou na Terra, sendo um espírito de envergadura superior, detinha conhecimentos muito avançados, especialmente se comparados com os conhecimentos que os homens da antiguidade possuíam.

  2. Conhecimentos que continuam avançados se comparados com o conhecimento dos homens e mulheres dos nossos tempos.

  3. É preciso reconhecer, porém, que no transcorrer desses milênios a Humanidade da Terra, evoluiu um tanto na área do conhecimento.

  4. A Doutrina Espírita relativamente recente, na sua divulgação expõe conceitos de vanguarda, abordando assuntos de uma forma clara e didática, tais como: a reencarnação, as vidas sucessivas, a evolução dos seres e dos mundos, o perispírito e suas propriedades, as leis que regem a tudo e a todos no Universo, etc.

O conhecimento dessas verdades possibilita um melhor entendimento daquilo o que o Cristo disse e fez em época tão remota.

Não podemos pensar como os homens do século IV, por exemplo, que não tendo capacidade de reconhecer em Jesus a grandeza de um Espírito Evoluído, tentaram inventar para ele um arranjo, para colocá-lo no nível do Panteão de Deuses que os demais povos adoravam.

Os dogmas que a partir de então, foram sendo incorporados aos relatos evangélicos – o nascimento virginal, a divinização de sua natureza, sua participação em uma Trindade Divina – não eram novidades no mundo antigo.

Outros seguimentos religiosos já se utilizavam esses argumentos para engrandecer seus avatares.

Essa ideia equivocada encontrou no ser humano pouco evoluído um campo enorme de expansão.

Com isso, os ensinamentos superiores que o Cristo de Deus nos deixou, passaram a ser suplantados por uma série de imposições, rituais, cerimônias, que colocaram em um segundo plano o que eles tinham de fundamental.

Contrariando essa ideia, os Imortais nos falam em O Livro dos Espíritos a respeito de Jesus, Espírito de hierarquia superior que encarnou no Planeta Terra. (L.E. 624)

Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.

Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.

Estudando os ensinamentos que A Falange do Consolador expõe encontramos cada vez mais recursos para entender Jesus – sua grandeza de Espírito Superior e reconhecer o conhecimento que já detinha há mais de dois mil anos, quando abriu mão dos mundos angélicos dos quais faz parte, para encarnar na densidade de um mundo pouco evoluído, realizando a generosa missão de impulsionar o conhecimento humano, abrindo um horizonte novo para toda a Humanidade.

No entanto, devido a dureza dos nossos corações e a estupidez de nosso raciocínio, não conseguimos reconhecer a luz que brilhava no raciocínio do Cristo.

Foi preciso o tempo passar, foi preciso que a Lei do Progresso seguisse seu curso, para que os Espíritos Superiores tivessem campo para novamente expandir o horizonte do conhecimento espiritual em benefício de todos.

Por esse motivo, com os conhecimentos da Doutrina Espírita iluminando nossas mentes, é que temos a possibilidade de encontrar nas entrelinhas dos Evangelhos, conceitos tão elevados, espiritualmente falando, que já animavam o pensamento daquele Homem que ensinava aos outros homens os passos da evolução.

Na sua genialidade Jesus soube deixar as coisas de tal forma que as pessoas entendessem, já naquela época.

Mas não foi só isso, Grande Mestre que é, deixou ensinos para que a medida que o conhecimento das criaturas avançasse, elas passariam a entender mais e melhor os transcendes ensinos que ele tem por meta semear entre todos seus irmãos em Humanidade.

Pretendemos nesse pequeno estudo, demonstrar que, por detrás dos ensinamentos que os homens puderam entender, existe algo mais, algo que transcende as Ideias comuns e imediatistas.

A mais de dois mil anos, para que as pessoas aprendessem minimamente seus ensinos, ele se utilizava de vários recursos, aproveitando todas as oportunidades que lhe fossem oferecidas:

  • Ele dialogava com seus seguidores mais diretos, ou com o povo em geral, ou ainda com seus adversários.

  • Aproveitava os apartes que lhe faziam enquanto pregava.

  • Contava parábolas agindo sobre o imaginário das criaturas.

  • Em várias oportunidades falou a grandes multidões, discursando mais extensamente, ministrando ensinamentos mais completos e aprofundados.

O mais conhecido dos seus discursos é o Sermão da Montanha, onde ele expõe resumidamente todos os ensinamentos espirituais que tinha como objetivo ministrar.

Este Sermão representa realmente uma iniciação às coisas espirituais, de tal forma que até os que não são cristãos reconhecem a sua importância, chegando-se a dizer que se as obras que a Humanidade possui sobre espiritualidade fossem todas destruídas, e restasse apenas esse sermão, os homens teriam o suficiente para instruir-se espiritualmente.

O Sermão da Montanha é narrado por dois dos evangelistas – Mateus e Lucas.

No seu início estão As Bem-Aventuranças, que à primeira vista são apresentadas por Mateus em número de sete, de uma forma mais extensa, e quatro por Lucas, de uma forma mais reduzida.

Antes de nos aprofundarmos no que dizem os dois evangelistas é preciso nos lembrar que há uma distinção entre a individualidade do espírito e a sua personalidade:

  • A individualidade do espírito é tudo aquilo que faz parte dele, lhe é inerente e permanece com ele, na sua trajetória composta de inúmeras etapas que se sucedem no tempo e no espaço.

  • A sua personalidade é aquilo que lhe foi imposto pela condição material, social, cultural etc., em cada uma das várias etapas de vida material, como encarnado.

A maioria de nós nem percebe este detalhe sutil, e facilmente confunde personalidade temporária com individualidade imortal.

Também não podemos nos esquecer que, como já foi dito, o pensamento do Mestre extrapolava o tempo e o espaço em que estagiavam os habitantes do mundo antigo.

Seus conhecimentos sobre: a mente humana, os mecanismos das Leis de Deus e suas consequências na vida do ser, a evolução incessante de tudo e todos, estavam à frente de tudo aquilo que nós homens do século XXI estamos desvendando agora.

Observando mais profundamente as Bem-aventuranças percebemos que Mateus e Lucas abordam de maneira distinta o assunto, não só na forma de expor, mas também no seu conteúdo.

Isso é muito natural tendo-se em vista que:

  • Mateus o evangelista, não é outro senão o hebreu Levi, O Cobrador de Impostos de Herodes Antipa em Cafarnaum, um dos primeiros discípulos a seguir Jesus, e que depois foi elevado à categoria de apóstolo.

Desta forma Levi, ou Mateus, conviveu mais ou menos três anos com Jesus, foi ouvinte de suas palavras ao vivo, testemunha ocular de seus atos, participante dos momentos mais íntimos do Mestre com os apóstolos, quando ensinamentos mais profundos e transcendentes eram expostos.

Certamente devido ao grande amor devotado a seu Mestre, Levi tinha muito bem gravadas em seu coração as palavras e o exato sentido que Jesus dera a elas, no momento em que escreveu o seu evangelho.

  • Lucas Não foi contemporâneo de Jesus, não foi seu discípulo.

Foi sim, seguidor de Paulo de Tarso a quem acompanhou em muitas de suas viagens.

Ao escrever seu evangelho, Lucas se utilizou de três elementos:

  1. Os escritos sobre os atos e ditos de Jesus que circulavam pelas comunidades cristãs.

  2. A pregação de Paulo, que ele acompanhou de perto.

  3. E, homem culto que era, acrescentou o que pesquisou junto às testemunhas oculares, que entrevistou sobre passagens da vida de Jesus.

Podemos concluir então que o entendimento de cada um dos dois evangelistas sobre o pensamento de Jesus era diverso, o que pode ser constatado na sequência do trecho de As Bem-Aventuranças.

Lucas demonstrando não haver penetrado exatamente no sentido que Jesus estava dando ao ensinamento, apresenta-nos quatro Bem-Aventuranças e quatro condenações em paralelo, visando unicamente à personalidade humana, ou seja, a condição de seres espirituais encarnados, falando das consequências de seus atos nas sucessões das experiências terrenas.

1) Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus.  Mas ai de vós, ricos porque já tendes  a vossa consolação.

2) Bem-aventurados vós que agora tendes fome porque sereis fartos.  Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome!

3) Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis.  Ai de vós que rides, porque gemereis e chorareis. 

4) Bem-aventurados sereis quando os homens vos  odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do homem! Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles trataram os profetas. Ai de vós, quando vos louvarem os homens, assim faziam os pais deles aos falsos profetas.

Lc. 6:21/26

 

Sabemos que as reencarnações proporcionam às criaturas todas as possibilidades de aprendizado em forma de provações, a fim de elas irem aprendendo como se portar diante das mais diversas situações: aquele que em uma encarnação experimentou a prova da riqueza experimentará com certeza a prova da pobreza, assim como aquele que numa experiência foi caluniado e aprendeu com essa situação, na reencarnação terá a oportunidade de provar o que conseguiu aprender.

Essa ideia reencarnacionista parece que foi muito bem compreendida por Lucas – as "recompensas ou castigos" com os quais seremos agraciados nesta mesma Terra, numa etapa posterior, em decorrência dos erros e acertos nas provas da vida.

Lucas nos mostra uma visão personalista, se referindo tão somente àqueles que se apegam a seu eu pequeno e passageiro.

Apresenta como que um consolo aos interesses daqueles que sofrem e que ainda dão exagerado valor: ao que é externo a si mesmos, ao que vem dos outros: o consolo, o elogio, a crítica dos homens, a posse de bens materiais, a tranquilidade emocional, a boa mesa.

Para Lucas nessa passagem, a Justiça Divina premia e pune, dá e tira, numa visão presa ainda ao transitório, muito particular ao nosso momento evolutivo – que não é muito diferente do tempo do evangelista – quando estamos muito apegados á vida material, onde o que importa é estar bem financeiramente, gozar boa saúde, e ter a aprovação dos semelhantes.

Na verdade, no nosso momento evolutivo, todos buscamos ansiosamente as mesmas coisas:

  • por todos os meios materiais – na luta diária, nas nossas conquistas materiais, nas competições etc.

  • ou pelos meios espirituais – nos pedidos feitos nas preces dos seguidores de todas as religiões. Esses pedidos são geralmente voltados para o nosso aqui e agora.

Esse é o nosso momento e Lucas se refere a ele, abordando a personalidade do Ser Espiritual.

É muito diferente a abordagem de Mateus que transcreve os ensinamentos profundamente espirituais de Jesus, quando o Mestre se refere tão somente à Individualidade do Ser.

  1. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

  2. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!

  3. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.

  4. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.

  5. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.

  6. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

  7. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.

  8. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.

  9. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

  10. Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todos o mal contra vós por causa de Mim.

  11. Alegrai-vos e exaltai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

    Mateus 5:3-12

  1. BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO, PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS.

Uma grande variedade de traduções foi dada às palavras de Mateus, quando lemos “os pobres de Espírito”.

Porém a tradução correta do termo grego à primeira Bem-Aventurança é “aquele que caminha humilde a mendigar as coisas espirituais”.

São aquelas criaturas que, embora ainda presas à matéria, compreendem que existe algo mais, e buscam avidamente satisfazer seu aspecto espiritual, que embora esteja ainda oculto em si, já sentem necessidade de buscar.

As satisfações materiais já não lhes bastam, almejam realizações de ordem espiritual.

Embora ainda necessitem trilhar longo percurso, são essas criaturas as mais sérias candidatas ao reino dos céus, ou reino espiritual.

Todo o ensinamento de Jesus visa exatamente a ascensão do ser humano rumo a sua evolução.

Se pensarmos no sentido evolutivo de reino mineral – vegetal – animal – hominal, fica muito claro o que seria o reino espiritual ou angelical, ou o reino dos céus, ou o reino de Deus – a meta a ser atingida.

O sentido seria esse:

  • Bem-aventurado aquele que caminha humilde a mendigar quanto ao espírito, ou seja, aquele que preso ainda à ciranda reencarnatória, pois esse é o seu nível evolutivo, busca espiritualizar-se por todos os meios, procurando encontrar O Espírito, que sente estar oculto no mais íntimo de seu ser.

Seriam os primeiros passos do ser espiritual consciente do seu glorioso destino.

  1. BEM-AVENTURADOS OS MANSOS, PORQUE HERDARÃO A TERRA.

Salientando a mansidão que compreende humildade, paciência e doçura, Jesus acena com uma herança: a Terra.

Está apontando para uma meta a ser alcançada.

No Antigo Testamento os profetas já acenavam com essa herança.

  • “os mansos herdarão a Terra e se deleitarão na abundância da paz” –  Salmo (37:11)

  • “meus escolhidos herdarão a Terra e meus servos nela habitarão” –  Isaias (65:9).

  • “porque os homens retos habitarão a Terra e os íntegros nela permanecerão; mas os ímpios serão suprimidos da terra e os pérfidos dela serão arrancados” – Provérbios (2:21-22)

A Terra seria o prêmio aos mansos.

Mas não seria no sentido do mundo material que a Terra oferece aos homens a que tanto se apegam.

As profecias falam em situação de paz, que não existe na Terra em que habitamos.

Seria sim essa mesma Terra transformada em planeta de paz, quando dela forem banidos os agentes causadores de guerras, aqueles que são impulsionados pura e simplesmente por sua veia emocional, que denota a sua condição animal.

Felizes serão, portanto os mansos, os que vivem mais do que têm de espiritual, não se deixando levar pelas emoções que geram as paixões, os ódios, as invejas, as competições desleais, as brigas, as guerras.

Os mansos herdarão a Terra regenerada, ou seja, eles mesmos promoverão a transformação de um mundo de expiações e provas em um mundo de regeneração.

Seria uma nova etapa alcançada pela criatura no seu processo evolutivo.

  1. BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS, PORQUE SERÃO CONSOLADOS.

Jesus não se refere ao simplesmente chorar.

Não chamaria de bem-aventurados os que vivem se lamentando e chorando por sentirem autopiedade, buscando com o choro a atenção daqueles que os cercam.

Felizes, sim, são os que compreendem sua inferioridade evolutiva e choram ansiosos por conseguir se espiritualizar, embora ainda vinculados ao reino material das sensações e emoções.

Reconhecendo sua condição atual compreendem, e compreender já é o outro passo na sua ascensão.

Conheça-te a ti mesmo” diria o filósofo que compreendeu essa realidade.

Choram porque estão insatisfeitos e sentem dificuldade em desvencilhar-se da grosseria do estágio atual, mesmo que ainda necessitem permanecer ligados a ele.

Neste estágio embora a criatura erre, ela não se sente feliz errando, então ela chora, mas não esmorece em superar essa fase.

Paulo de Tarso reconheceu-se nesse estágio quando disse:

  • “realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto. Ora se faço o que não quero, eu reconheço que a Lei é boa. Na realidade, não sou mais eu que pratico a ação, mas o pecado que habita em mim” – Romanos 7:15/17

  1. BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA, PORQUE SERÃO FARTOS

Neste item parece que ocorre uma contradição.

Como podem ser louvados os que exigem justiça se mais adiante Jesus fala em bem-aventurados os que têm misericórdia?

É bem-aventurado o faminto de justiça ou o é o misericordioso?

Embora as traduções apontem para o sentido de justiça, o termo grego exprime mais corretamente o sentido de “o reto, o justo, o observador da regra – seria justeza ao invés de justiça”.

Portanto o sentido desse quarto item de As Bem-Aventuranças seria, o de ajustamento, de aperfeiçoamento.

Neste ponto a criatura já se encontra um tanto mais intelectualizada, pois é capaz de saber escolher o melhor para si.

Ela está ascendendo no plano evolutivo.

O sentido seria “Bem-aventurados os que têm fome de perfeição, pois esses serão saciados”.

  1. BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS, PORQUE ALCANÇARÃO MISERICÓRDIA

Jesus está se referindo a quem se compadece daquele que erra, exatamente porque não enxerga a maldade no erro, vê apenas ignorância e falta de amadurecimento.

A criatura já acendeu um tanto mais e já superou o intelecto e cultiva agora o amor.

A outra asa da evolução já está se completando, ela já enxerga Deus nas suas criaturas e se dedica à Sua obra (de Deus) por amor.

A primeira asa é o conhecimento, a segunda é o amor.

Esses herdarão misericórdia do alto, porque eles mesmos distribuíram misericórdia e bênçãos com medida cheia e recalcada a todos, indistintamente, bons ou não, incondicionalmente.

  1. BEM-AVENTURADOS OS LIMPOS DE CORAÇÃO, PORQUE VERÃO A DEUS

Este item foi interpretado durante muito tempo como pureza no sentido de castidade.

Mas o termo certo é “o que nos fala em limpeza”, no sentido de renúncia, desapego.

Limpeza de coração seria desapego das coisas que reconhecidamente não nos pertencem, pois tudo nos é dado por empréstimo. Tudo pertence a Deus.

Paulo de Tarso já dizia:

“Nada trouxemos para este mundo, e nada poderemos dele levar” – 1 Tim. 6:7

Neste passo a criatura já está desapegada não só das coisas materiais, mas até de sua personalidade vivendo mais daquilo que realmente conseguiu amealhar de seu: as qualidades, as virtudes, a pureza.

Muita inferioridade já foi superada.

Estes que se libertaram até do seu eu pequeno, verão a Deus, pois nesse estado de pureza eles comungam mais livremente com os planos mais elevados, com os espíritos mais evoluídos.

Seus sentidos espirituais mais desenvolvidos os possibilitam compreender melhor a Deus.

  1. BEM-AVENTURADOS OS PACIFICADORES, PORQUE SERÃO CHAMADOS FILHOS DE DEUS

São os fazedores da paz, pois não apenas conseguiram a paz interior, no entendimento sobre si mesmos, mas conseguem transmitir paz e distribuí-la tão somente com a sua presença, simplesmente com aquilo que são, depois de haverem conquistado: a humildade, a compreensão, a mansuetude, o aperfeiçoamento, a misericórdia, a pureza.

Onde os pacificadores se encontrem, as criaturas se veem envolvidas por suas vibrações amorosas, que transmitem uma intensa e envolvente paz.

Estes serão chamados filhos de Deus porque o são realmente, pois com a sua maneira de ser estão sempre perfeitamente integrados com o Criador e Sua magnífica obra.

Jesus já dizia de si próprio: “Eu e o Pai somos um”.

A criatura nesse estágio mais elevado unifica-se e funde-se em amor com todas as criaturas de Deus.

Tudo indica que Jesus, neste trecho inicial do Sermão da Montanha, está enumerando os passos do caminho da perfeição, que é exatamente o objetivo da sua missão junto à Humanidade deste planeta.

É o que ele espera de nós.

Cabe a nós se compreendermos, seguir esses passos, e assim estaremos seguindo os passos de Jesus.

Que é o que queremos.

A autora Fátima Granja é colaboradora do Centro Espírita Allan Kardec – Campinas – SP, estudiosa da Doutrina Espírita e dos temas bíblicos à luz da Doutrina Espírita.


 
Na Aula sobre O Sermão da Montanha do site nossolar.org, retiramos do texto o seguinte:


Conforme Durval Ciamponi, em Pão Nosso, uma psicografia de Francisco Cândido Xavier, ditada por Emmanuel, grande educador dos homens que analisa as bem-aventuranças diante da realidade da conduta humana.


“Em sua análise, Emmanuel mostra que o título de bem-aventurado exige do homem:


a) Saber aceitar o sacrifício e o sofrimento;


b) Encontrar alegria na simplicidade e na paz;


c) Saber guardar no coração longa e divina esperança.

Essas bem-aventuranças „são um tesouro imenso que poucos compreendem‟.


A maioria dos homens:


a) Quando visitados pela dor, preferem a lamentação e o desespero;


b) Quando convidados ao testemunho de renúncia, resvalam para exigências descabidas e,


c) Ao invés de trabalharem pacificamente, lançam-se a aventuras indignas e se perdem em desmesurada ambição.



Conclui Emmanuel, por isso, que Jesus ofereceu muitas bem-aventuranças, porém, raros desejam-nas.

Diz, finalmente, que "existem muitos pobres e muitos aflitos que podem ser grandes necessitados no mundo, mas que ainda não são benditos no Céu" (CIAMPONI, 2000, pp.39-40).



INTERPRETAÇÃO DA LEI

“Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim revogar, mas cumprir”, avisa Jesus, de início, porque sabe que alguns estranharão sua pregação. Em seguida, passa a relembrar ordenações da lei mosaica, confirmando-a basicamente, mas esclarecendo e desenvolvendo o verdadeiro entendimento sobre a vontade de Deus. (OLIVEIRA, p.200)


A NÃO-VIOLÊNCIA

Jesus reafirma o “não matarás”, mas esclarece que qualquer animosidade contra o próximo é prejuízo espiritual; convida à reconciliação com o semelhante, para termos merecimento ante Deus e não nos enlearmos mental e fluidicamente com os adversários (OLIVEIRA, p.200).

Jesus também substitui o antigo princípio do “olho por olho, dente por dente” (vindo da lei de Talião) pela não-violência, não resistência e cooperação voluntária (OLIVEIRA, p.201).

A capacidade de amar é aspecto a ser desenvolvido ao longo do processo de evolução, assim Jesus convida a humanidade a não responder o ato ofensivo e a violência com a mesma reação, mas, ao contrário, ensina o caminho do entendimento, da compreensão e da tolerância, características que permitem ao homem o aprendizado do amor.


O AMOR AO PRÓXIMO

Jesus transforma o “amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo” em amor até aos inimigos, orando por eles e fazendo-lhes o bem possível, para sermos bondosos como Deus o é, e não maus como os que não conhecem a Deus. (OLIVEIRA, p.201).


NÃO BASTA CONHECER, É PRECISO VIVER O ENSINO

Há quem apenas diz “Senhor, Senhor” e em nome de Jesus profetiza (trabalha com a mediunidade), afasta espíritos e produz fenômenos. Mas para que nesta atividade não seja como “casa construída sobre a areia”, é preciso praticar o ensino de Jesus (OLIVEIRA, p.202).

O modo de viver autêntico ou verdadeiro exige nosso empenho constante. Assim, a mensagem de Jesus nos convida a ter fé, a praticar boas obras, respeitando ao próximo e amando a Deus, nessas iniciativas, aplicadas ao nosso dia-a-dia, é que está a solidez que deve edificar nossas convicções em seus ensinamentos.


CONCLUSÃO

As Bem-aventuranças são uma fonte de esperança e consolo para os que sofrem, são a expressão clara das virtudes que o Cristo passa aos homens para que possam trabalhar e melhorar a si próprios.

Disse Mahatma Gandhi a respeito das palavras de Jesus, no Sermão do Monte: “Se fosse possível se perder tudo aquilo que está contido no Evangelho de Jesus, deixando apenas o Sermão do Monte, ele jamais perderia o seu esplendor.”

 

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A História  de Jesus escrita a partir dos Registros Akássicos

 

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