Newsletter

    Menu Principal

    O Inevitável Despertar - Apostila 15

    O Inevitável Despertar - Apostila 15

     

     

    As  Transformações - I 


    Dissemos na apostila anterior que os apontamentos de Assagioli somados aos de Denis, e às nossas observações pessoais, nos levava numa direção única quanto ao rumo reorganizador da pessoa vivenciando descontroles emocionais provenientes dos processos de Despertamento Consciencial.

    Desta forma, em quatro tópicos historiamos toda a traumatologia, e finalizamos anunciando que chegávamos, assim, ao ponto crítico que a direção única nos apontava.  Qual seja, a mudança definitiva da maneira de vida.  E´ isto que a seguir veremos sob o título de:

    As Transformações

     

    Nosso estudo vem mostrando a complexidade do processo de despertamento consciencial, que diretamente leva aos Estados Alterados de Consciência (EAC).  Assim sendo, para que aqueles que vivenciam tais processos possam, em breve espaço de tempo, reabilitar o equilíbrio, bem como os terapeutas que os ajudem sejam mais eficazes, é indispensável saber o que de oculto transcorre nesses acontecimentos.

    Para tanto, é preciso que a pessoa em questão, quanto os terapeutas, apaguem de si toda espécie de preconceito que impeça admitir a existência da dimensão espiritual do Ser.  Mas não estamos falando dessa dimensão espiritual na forma como ela é referida no catolicismo e nas igrejas evangélicas.  Falamos da dimensão que precede o nascimento no corpo físico e que subsiste após a morte deste.

    Ou seja, falamos dos processos reencarnatórios, bem como de todas as atividades e eventos que se transcorrem nos chamados campos da espiritualidade, nos períodos entre uma encarnação e outra.  Mesmo porque, nossa época tem revelado incontáveis fatos até então tidos por improváveis, que seria um contra-senso não admitir falar de tão imperioso assunto, mesmo que apenas como início de  conversa.

    Se formos pesquisadores, ou mesmo  só curiosos, não há como analisar esse intrincado acontecimento prendendo-nos em certos parâmetros e recusando analisar outros, antes mesmo de conhecê-los.  Lembramos que todas as inovações e inventos que vêm transformando a vida na Terra partiram de uma busca que, contudo, nem sempre chegavam ao lugar, antecipadamente, desejado pelos atilados pioneiros.  Não obstante, excluindo os malefícios das guerras, todas as inovações e inventos dotaram a humanidade de excelentes recursos sociais.   Por  que, então,   fugir  à regra, nessa questão voltada ao Espírito, que é o fundamento do Ser?

     

     

    Com a figura 15A  simbolizamos essa jornada que se empreende na Terra física e nas dimensões extrafísicas.  O Ser é um só, ou o que se chama EU imperecível, na figura representado pelo Sol.  As figuras corpóreas, vestimentas utilizadas nas várias dimensões existenciais, atraídas pela essência de Si Mesmo, caminham pela trilha evolutiva indo em direção à Síntese de si próprio.   Ou, como falamos na apostila 04, em busca da Fonte.

    Portanto, o Ser não é só este ente humano da face da Terra.  Sua completude, origem e destinação, nós a estudamos na série A Criatura.

    - - - o 0 o - - -

    A transformação do Ser é um fato que deveria ser encarado com naturalidade.  Mas não é.   Admira-se a transformação quando a pessoa deixa uma vida razoavelmente disciplinada e mergulha no que lhe é prejudicial: alcoolismo, toxicomania, etc.  Tudo isso é enaltecido como “moderno” – “liberal”.  Todavia, quando a transformação se direciona para o crescimento espiritual, o mundo desaba de críticas sobre o indivíduo:  “enlouqueceu”, é taxado.

    Seja como for, de uma coisa a pessoa não pode se livrar, de admitir sua transformação, pois a  “Esse estágio segue o reconhecimento de que as condições necessárias a serem atendidas para a elevada façanha da Auto-Realização são uma regeneração e uma transmutação completas da personalidade.  (Grifo nosso)

    Por essa primeira frase de Assagioli que reproduzimos acima, percebe-se o quanto, e a que profundidade, a pessoa será acionada no decurso do processo de despertamento consciencial, até conseguir completar sua Auto-Realização.

    Vejamos, para esclarecer, o que significa Auto-Realização.

    Auto – sufixo que designa um ato executado, ou a executar, em relação a si mesmo.

    Realizar – tornar real um ato que se planejou.

    Auto-Realização, portanto, no caso de nosso estudo, é a pessoa  mesma, acionando suas forças interiores em prol da elevação espiritual anteriormente visualizada, e que deseja vê-la, inteiramente, sob seu domínio.  E´ a indizível satisfação interior por si ver, decidida, transitando na direção do que visualizou de mais elevado.  Como assim demonstra a figura 15A.

    Mas, para chegar a esse nível de por si mesma decidir e realizar, Assagioli adverte que existem condições a serem atendidas.  Elas são: “uma regeneração e uma transmutação”.

    Essas duas condições, regeneração e transmutação, se referem ao processo de reforma interior tão comentado nos escritos espiritualistas.  Elas se tornam indispensáveis à conclusão do processo de despertamento porque, como vimos nas três últimas apostilas, as manifestações da personalidade, após os abalos com as surpresas do despertar, ficam ampliadas em suas atitudes agressivas, tornando a pessoa mais intolerante, atrevida e desrespeitosa.

    Desta forma, não implementando uma forçada mudança de pensar e agir irá, cada vez mais, tornar-se insuportável e anti-social.   Isso, do ponto de vista social já é danoso, pois ninguém gosta de conviver com uma pessoa inconveniente, e do ponto de vista espiritual será a causação de maior agravamento cármico.  Portanto, indispensável se torna a regeneração e a transmutação.

     

     

    Para compararmos o estado de antes com o de após o despertamento espiritual, concomitantemente com a regeneração e a transmutação, vemos na figura 15B o exemplo de uma metamorfose.  A assustadora taturana se transforma na delicada borboleta.  (Uma pessoa de grande significação em nosso meio, vivenciando sua fase transformativa, assim se comparou.)

    Excetuando-se o humor do fato, é isso mesmo que se passa com a pessoa autenticamente metamorfoseada.  Torna-se agradável e solidária.  Mas também não acontece da noite para o dia, como exaustivamente temos advertido ao longo destas apostilas.  Como, também, as condições não ficam só nas acima enumeradas.

    Além daquelas, o nobre médico italiano se desdobra por melhor esclarecer sobre esse transcurso, informando sobre outros parâmetros que envolvem essa fase.

     

    “Trata-se de um processo longo e multilateral que compreende várias fases:  a remoção ativa dos obstáculos ao influxo e à operação das energias supraconscientes; o desenvolvimento das funções superiores adormecidas ou não desenvolvidas; e períodos em que se pode deixar o EU Superior agir, mediante a receptividade à sua orientação.”

     

    Como o trecho acima é muito significativo, analisemos, separadamente, cada uma de suas partes.

    Processo longo e multilateral:  é o conjunto de atos que ocupa demorado tempo, com o qual diversas frentes de trabalho interior devem ser atacadas.  Essas diferentes frentes o autor separou-as pelas seguintes etapas:

     

    Remoção de Obstáculos  - Como se trata de desimpedir o caminho ao influxo cons-ciencial su-perior, essa remoção se refere à eli-minação da-queles RÓ-TULOS pre- conceituais que tanto interferem na auto-aceitação de si mesmo como SER espiritual.

    A figura 15C exemplifica esse fator transformativo. 

     

     

     

    No quadro 1 ainda é o estágio em que os obstáculos impedem a descida do influxo consciencial até à personalidade.  Isso foi visto na apostila 07 desta série.  

    No quadro 2 vemos a cessação, ou retirada desses impedimentos e, por conseqüência, o influxo consciencial segue seu curso normal e atinge a personalidade.

    Já comentamos em apostilas precedentes que uma tal eliminação implica em abandonar a personalidade anterior e seus vícios, trabalho esse, como se pode deduzir, de longa duração.  Vamos a outro item.

    Desenvolver funções superiores – isto é, inserir-se no contexto de uma objetividade maior, dentro daquele preceito proferido por Jesus:  “Vós sois deuses”.  Se o EU Superior está sufocado pelas mesquinharias da vida terrestre, trata-se de permitir-lhe a liberdade total, para com ela vivenciar os enlevos da vida espiritual.   Todavia, isso só será possível quando a etapa anterior, eliminação dos obstáculos, for vencida.

    EU Superior agir – neste parâmetro estão se somando as duas etapas anteriores.  A liberdade adquirida pela remoção dos preconceitos e o desenvolvimento das forças interiores.  Disso resulta o efetivo comando do Eu sobre a personalidade.  A situação estaria como é vista no quadro 2 da figura 15C.  A partir desse estágio a evolução espiritual do indivíduo, que estava só a girar num círculo vicioso, sem apresentar nenhum progresso, abre-se numa espiritual ascendente, na qual as circunferências se ampliam a cada volta sem, contudo, tocarem em nenhum dos pontos anteriores.

     

     

    Vemos as duas situações na figura 15D. 

    No quadro 1, o círculo vicioso.  Significa que a evolução espiritual da pessoa está estagnada. 

    No quadro 2, espiral ascendente, vê-se que ao movimento de rotação acresceu-se o eixo vertical de translação, significando que a evolução espiritual dessa mesma pessoa agora tomou o impulso ascendente.

     

    Pietro Ubaldi, o gigante pensador, em seu magnífico livro A Grande Síntese, descreve belamente essa contínua transmutação que se inicia a partir do ponto de despertamento.  Está nos capítulos XXV ao XXVII e LXXVIII, bem como nas páginas 306 e 307 da 10ª edição da Livraria Allan Kardec Editora, de 1976.

    Além disso, para melhor ilustrar esse longo processo multilateral, podemos comparar suas etapas às muitas etapas da construção de um edifício.  Desde o planejamento até à conclusão final, muitas fases se tornam imprescindíveis.  Entretanto, não se deve esquecer que durante a execução de uma construção seu transcurso tem a aparência de desorganização.  Materiais diversos, postos aqui e ali, dão a impressão de que jamais será possível obter-se um edifício perfeito.

    Contudo, aquele aparente caos vai desaparecendo aos poucos.  Em seu lugar uma reluzente e atraente edificação vem surgindo.  Exatamente o que Assagioli comenta a seguir:

    “Trata-se de um período deveras frutuoso e memorável, cheio de mudanças, ou de alternâncias entre luz e trevas, entre alegria e sofrimento.  E´ uma época de transição, de saída da velha condição sem ter ainda alcançado a nova maneira firme, um estágio intermediário em que (...) a pessoa é como uma lagarta em transformação na borboleta alada.” (Grifos nossos) (Figura 15B)

    Conforme a comparação com as etapas de uma construção, esse período de transmutação é movimentadíssimo e possuidor de uma característica que beira ao caos.  O planejamento da obra, isto é, a visualização do “pedacinho do céu”, já está concluída, todavia, há que pôr mãos à obra se queremos vê-la realizada.

    E terá que ser auto-realizada.  Daí em diante, os “materiais” previstos no planejamento “da obra” começam a chegar, isto é, a pressionar.  Num momento a pessoa está cheia de ânimos, e noutro, até deprimida.  E´ que seus dois pés ainda não pisam, igualmente, o terreno firme da convicção em aceitar a nova situação. 

    Num momento é a nova criatura, e no outro, a personalidade velha com sua ranzinisse.  Isto quer dizer que o círculo transformativo ainda não se abriu em espiral.  Embora deseje voar, espiritualmente, como a borboleta, é, ainda, a lagarta que se arrasta pela terra.  Desprotegida e à mercê de algum predador que a devore.

    Essa situação é descrita por Assagioli da seguinte forma:  “Mas o indivíduo em geral não tem a proteção de um casulo onde passar a metamorfose em paz e em recolhimento.  Ele deve - particularmente em nossos dias – permanecer onde está na vida e continuar a cumprir da melhor maneira as suas tarefas familiares, profissionais e sociais.”

    Realista observação, porque dentro de nós há sempre aquela vontade camuflada de nos isentarmos das obrigações que o planejamento da vida moldou nosso destino.  Em determinados momentos gostaríamos de estar looooooonge do burburinho dos cuidados com a família, do trato social e das competitivas funções profissionais.

    Porém, a pessoa não tem, e nem adiantaria possuir, um local isolado onde permanecer enquanto aguardasse a conclusão do seu processo de despertamento.  Uma espécie de casulo, dentro do qual pudesse se esconder do mundo.  Houve tempos em que indivíduos, homens e mulheres indispostos com a sociedade se trancavam em conventos.  Mais recentemente o mundo presenciou o movimento Hippy em que, também, homens e mulheres, intentaram viver uma sociedade comunitária, afastada do rigor de subsistência do capitalismo.  Mas, perguntamos: essas atitudes os tornou felizes?  Espiritualmente se auto-realizaram? 

    Com todo o respeito, duvidamos muito que o tenham conseguido.  Os exemplos dados pelos grandes Mestres, e que a história nos mostra, evidenciam que todos eles viveram as atividades sociais comuns de suas épocas, e não enclausurados.  Clausura é sinônimo de egoísmo, de conveniência e de medo, jamais, porém, de liberação espiritual.  Por isso, a pessoa terá, mesmo, de viver sua metamorfose junto ao mundo, dando cumprimento ao seguimento da Lei de Causa e Efeito que naquela fase de sua existência se ache incurso.  Isto é, junto da família e do trabalho por sustentá-la.

    Mas, se isso possa soar como algo infelicitador é, na verdade, o oposto.  É a oportunidade que a pessoa tem para concretizar seu planejamento cósmico.  Auto-Realizar-se.  Portanto, tem suas compensações, as quais veremos na apostila a seguir.

    (Os trechos de Assagioli citados nesta apostila estão contidos  nas  páginas 60 e 61 do  livro Emergência Espiritual).

        

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Agosto de 1997

    Revisão em Janeiro de 2006

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

    Compartilhe:

    Menu Principal