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    Reconstrução - Apostila 4

    Reconstrução - Apostila 4

     

      

    A apostila 3 enunciou os elementos básicos da vida, ao mesmo tempo que impulsionadores da Criatura no caminho da elevação espiritual.  Vimos que três são as principais balizas, mas que, contudo interagem dentro de uma estrutura sempre tendendo para o equilíbrio dessas forças.   Enunciou-se, também, que três são os instrumentos de que se utiliza a Consciência para se promover dentro dessa estrutura.   Estes instrumentos são: Pensamento, Desejo e Vontade.

    Demos início aos comentários sobre o Pensamento demonstrando sua continuidade entre os planos de existência, e de que o mesmo se torna visível e tangível nos planos Astral e Mental.

    Prosseguindo a descrição das implicações ligadas ao Pensamento, e no que se refere à problemática das quedas morais, começaremos lembrando que a Consciência veio, degrau a degrau, galgando essa evolução iniciada pelos reinos primitivos, como vimos no estudo de A Criatura, e que aquelas vivências deixaram-lhe marcas profundas.   Marcas que até hoje continuam influenciando a grande maioria das criaturas, levando-as às práticas menos recomendáveis.

    Mas na vida para tudo há uma razão.  Vejamos qual, desta vez, é a razão que tanto estigmatiza uma pessoa.

    As marcas grava-das durante as experiências vivi-das nos reinos primitivos se fixa-ram no indivíduo e continuam lhe in-fluenciando porque os corpos, dentre tantas funções, têm duas que por si só sintetizam todas as demais.

    Vejam a figura 04A.

    Quadro A – Exteriorização da Consciência

    Quadro B – Interiorização de estímulos.

    É este o esquema que a figura demonstra.  Isto é, os corpos como instrumentos pelos quais a Consciência se faz conhecida, ao mesmo tempo que à ela levam as impressões ambientais de onde estejam ativos.

    Analisemos, agora, o caminho percorrido pelo fluxo de estímulos, desde o ambiente externo onde um fato acontece até à Consciência.

     

    Figura 04B 

    1 – No plano Físico o olho registrou a imagem do livro;

    2 – Após transitar pelo cérebro e epífise, o estímulo se dirige à Consciência, num fluxo vigoroso;

    3 – Ao passar pelo corpo Astral o fluxo sofre a primeira “censura”, e perde um pouco de sua intensidade;

    4 – O fluxo, um pouco mais fraco, segue até o corpo Mental.  Neste, após nova “censura”, prossegue, ainda mais fraco, até atingir a Consciência.

    A cada segundo da vida esse esquema está sendo repetido em todas as pessoas, pois a todo instante estímulos novos nos tocam.  O objetivo estimulante será aceito ou desprezado na medida direta do interesse que ele despertar.   Esses interesses serão tanto mais nobres quanto mais invulnerável a pessoa estiver das influências dos reinos primitivos.

    Portanto, no que se refere ao pensamento, todo o funcionamento é à base de influxos de energias que “descem” da Consciência aos seus corpos, ou que “sobem” destes até àquela, como as figuras 04A  e 04B demonstram.  Todavia, esclareçamos, o influxo de energia, seja “descendo” ou “subindo”, em si não possui qualquer conotação que o qualifique de positivo ou negativo, de bom ou de mal.   Digamos que o influxo, em si, não possui qualquer tempero.   Desta forma, para que nele se instaure qualquer uma das duas qualidades, positivo ou negativo, bom ou mal, necessita-se adicionar ao sistema um segundo elemento.  O Desejo.

    Desejo

    Basicamente a sede dos desejos, na criatura humana, se situa no corpo Astral.  Até por isso mesmo ele é chamado de o corpo dos desejos.  (Ver apostila 14 da série Mediunidade) – O desejo, entretanto, corre junto aos estímulos.   Sobre estes, na figura 04B, dissemos que a cada segundo da vida o Ser é tocado por estímulos novos.   Alguns lhe despertam interesses, outros não.   Comumente, na sociedade terrestre, os estímulos que mais despertam interesse são aqueles qualificados de práticas ambiciosas e disputas inferiores.   A razão disso, como comentamos acima, é que toda aquela peregrinação pelos reinos primitivos, estudados na série A Criatura, ao despertar da Mônada, impulsionando-a à evolução, cravaram em seu amado as impressões daqueles reinos.   Notadamente as do reino Animal com fixação mais acentuada nos instintos do atender à fome e à procriação.

    Para melhor entender, façamos uma analogia sobre influência acentuada.  De um modo geral o brasileiro fala e entende somente o idioma português porque, desde o nascimento, só ouve e só lhe foi ensinado a identificação dos objetos, lugares e pessoas por determinados sons usados nesse idioma. 

    Se, por ventura, aproximar-se uma pessoa referindo-se àqueles mesmos objetos mas falando no idioma inglês, o brasileiro nada entenderá, embora esteja ouvindo um som vocal.   Por não entender, como reação natural, desprezará aquele estímulo representado pela conversação.

    De forma análoga é o que ocorre no âmago das criaturas.   Isto é, não compreendendo os sinais que os estímulos lhes trazem, simplesmente os desprezam.   Principalmente quando se trata de pessoas menos evoluídas espiritualmente.   Nestas, os estímulos de origem elevada são desprezados, enquanto que os primários lhes são fortemente dominadores.   E são os estímulos mais dominadores que a Consciências, por viciação, procura atender com presteza.   Estas são as influências mais acentuadas.

    É nesse ponto que se sobressai o controle exercido pelo corpo Astral.  

     

    Na figura 04C vêmo-lo empunhando uma tesoura e, muito à vontade, corta aqui, corta ali.  Cumpre seu papel de censor, já que, quanto a desejos, é ele quem comanda.

    Em razão dessa liberdade e da fixação instintiva oriunda das vivências rudimentares, como vimos acima, ele corta qualquer estímulo que seja mais nobre, impedindo-o de chegar à Consciência.   Por isso, os estímulos provenientes de ideais mais elevados quase sempre são recusados.

    Tais estímulos mais elevados, como moral cristã, filosofia e ciência, são para o corpo Astral das pessoas menos evoluídas verdadeiros “idiomas estrangeiros” que não sabe falar.   Por isso os despreza.

    Dentro de estreitos limites como esse, os desejos que mais se sobressaem são aqueles incluídos na categoria da vulgaridade do mundo.

    Como medida corretiva, visando sublimar-se os desejos e impedir as tesouradas apressadas do corpo Astral, tem a criatura as repetidas encarnações nas quais irá aprender a “falar outros idiomas”, e sentir-se à vontade e atraída por estímulos elevados.

    Embora, de princípio, corrigir essas tendências possa parecer exigência descabida, pois o mundo vive numa atitude constante de competitividade, e, além disso, agravadas por ambições pessoais e desregramentos, na realidade adotar essa correção é algo muito importante.  Indispensável mesmo.

    Basta lembrar que nesta nova estação de sua vida, o gênero humano, vê-se a Consciência na contingência de, obrigatoriamente, ela mesma, individualmente, tomar todas as decisões dentro dos acontecimentos que lhe digam respeito.   Entretanto, tendo passado por tantos sustos, sabe que escolher certo, controlando os desejos, é dificílimo.

    Para ilustrar esse episódio que ocorre na vida de todas as pessoas, elaboramos a seqüência de figurinhas que está na figura 04D, na qual temos o encadeamento dos atos e suas repercussões.

    No primeiro quadro o Estímulo.  Ver e desejar.  Sinal que sobe à Consciência, carregado de dúvida:  “Qual objeto escolher, A ou B ?”

    No segundo quadro, Decisão, vem a resposta da Consciência, ou do corpo Astral, se este interferir:  “Escolha o objeto B !”   É o momento da decisão e da ação.

    O terceiro quadro, Reação, mostra a repercussão da decisão, ou a reação.

    Como foi uma escolha equivocada, pois preferiu  o objeto “B”, de bomba, explodiu-se sua tranqüilidade.   Se houvera preferido o objeto “A”, de amor, o resultado seria mais harmonia em sua vida.

    São dessas questões que  a  todo instante acontecem, onde se inserem, inevitavelmente conjugados, estímulos e desejos, que surge o encadeamento diretivo da vida, e que se arrasta ao infinito do tempo.   As decisões se transformam em ações; as ações desencadeiam reações; as reações, no seu momento presente são ações que no futuro gerarão outras reações.   E assim, sucessivamente, séculos... milênios...

    Para sair desse ciclo de causas e efeitos negativos, agora sim, influxos devidamente qualificados pelos desejos, e neutralizar a autoridade cerceadora do corpo Astral que, como vimos na apostila 39 da série Mediunidade, onde o comparamos a um posto de pedágio que, dizíamos, teima em impedir a subida dos ideais, a pessoa terá que repetir, em encarnações renovadas, o mesmo ato daquele mesmo estímulo, tantas vezes quantas forem necessárias, até conseguir fixar na Consciência o interesse por aquele assunto novo e superior aos anteriormente vividos.

    Temos na figura 04E a repetição daquela constante na apostila 39 da série Mediunidade. 

    Reapresentamos para aclarar bem nossos raciocínios quanto ao posicionamento e imperceptíveis interferências do Corpo Astral no viver encarnado de cada dia.  No “caminho” que, como encarnados, nos separa de nosso Eu Maior, ali está ele, imponente, seja para os atos nobres, conforme acontece com algumas pessoas, seja para as desarmonias de todos os matizes, que, por sua vez, acionam outras pessoas.

    Essa repetitividade pode ser comparada ao trabalho de educação paternal que insiste com o filho, várias vezes, para que ele tome novo rumo em seus procedimentos.   Às vezes até usando de castigos físicos para, num estímulo mais forte, e assustador, fixar sobre o filho a vontade paternal, esta mais experiente e preocupada com a responsabilidade da vida.

    A Consciência, portanto, quando arraigada nos valores dos desregramentos recebe, a cada encarnação, estes estímulos mais fortes que vêm através da impulsão cármica, representados pelas dores e infelicidades.   Destarte, repetidamente em cada nova vida na Terra, sofrendo as conseqüências de suas paixões e desejos vis, e dando cumprimento aos seus deveres de elevação espiritual, vai derrubando as barreiras da ignorância e abrindo o caminho que a levará ao estado de angelitude.

    Todavia, dos dois quadros até agora apresentados, Pensamento e Desejo, uma verdade salta aos olhos:  Pensar e desejar não criam soluções.  Para chegar a estas falta o terceiro elemento:  a Vontade, que veremos na próxima apostila.

    Bibliografia:

    Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Livraria Allan Kardec Editora

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Mecanismos da Mediunidade – páginas 88 e 89 – Federação Espírita Brasileira.

    Annie Besant – A Vida do Homem em Três Mundos – Editora Pensamento

    Annie Besant – Karma – Editora Pensamento

    Annie Besant – Dharma – Editora Pensamento

    Annie Besant – O Poder do Pensamento – Editora Pensamento

    Annie Besant – Reencarnação – Editora Pensamento

    Bezerra de Menezes – A Loucura sob novo Prisma – Federação Espírita do Estado de São Paulo

    Fritjof Capra – O Ponto de Mutação – Editora Pensamento

    Hermínio Correa de Miranda – A Memória e o Tempo – Editora Lachâtre

    Hernani Guimarães Andrade – Espírito, Perispírito e Alma – Editora Pensamento

    Leon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Federação Espírita Brasileira

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Obsessão e Loucura – Federação Espírita Brasileira

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Painéis da obsessão – Livraria Espírita Alvorada Editora

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Nas Fronteiras da Loucura - Livraria Espírita Alvorada Editora

    Pietro Ubaldi – A Grande Síntese – Livraria Allan Kardec Editora

    Pietro Ubaldi – A Lei de Deus – Fundação Pietro Ubaldi Editora

    Virgínia Hanson/Rosemarie Stewart – Karma – A Lei Universal da Harmonia – Editora Pensamento.

    Zalmino Zimmermann – Perispírito – Editora Allan Kardec

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Maio de 1997

    Revisão em Maio de 2008

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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