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    Reconstrução - Apostila 22

    Reconstrução - Apostila 22

     

       

    O  ÓDIO  E  O  AMOR  -  II

    A apostila 21, sob o mesmo título acima, narrou fatos desencadeados pela força do ódio.  Dado suas origens e repercussões ocasionam, por isso mesmo, fatos tristes.

    Entretanto, existe no cosmo outra força àquela oponente.  A força do Amor. A verdadeira construtora, aquela que, mediante o exercício da compreensão, da paciência e da tolerância, vai demolindo as agressividades.

    Podemos chamar o Amor de a forja restauradora das criaturas.   É o ingrediente que não pode faltar a todos os que desejam aproximar-se de seus semelhantes.   E a razão é simples.   O Amor, em seu sentido cósmico, isto é, incondicional, neutraliza todas as forças prejudiciais à evolução do Ser, tornando-se, por isso, o transmutador que os direciona pelo roteiro do crescimento consciencial.

    A comprovar essa diretiva, observam-se nos centros assistenciais espiritualistas inúmeros casos de pessoas que chegam inteiramente derrotadas e, depois, cientes do indispensável esforço pessoal a empreender, se recuperam admiravelmente.

    Estes casos são, similarmente, àqueles mesmos exemplos referidos na apostila 21, de pessoas com seus lares em ruínas, causadas pelas desavenças, onde a incompreensão levava até aos atos de violência. Essas mesmas pessoas, uma vez aceitando a realidade da vida e, corajosamente, empreendendo esforços pessoais, conseguiram alterar o quadro doméstico, mudando-o para um convívio de compreensões e tolerâncias.

    Que força é essa que atuando sobre as pessoas as modifica para melhor, quando estas lhe são receptivas ?  E como é sua forma de atuação?

    Parecem perguntas ingênuas, e muitos poderão dizer que as respostas são óbvias.   Isto é, está na cara !   Todavia, não é bem assim.  Nem tanto na

    cara está e, para muitas pessoas, continuam incógnitas por toda a vida.

    Inicialmente, podemos responder que vivemos num universo dualístico.  Ou seja, toda a existência desse universo se equilibra, e se manifesta, em função de duas forças que  se opõem mas que se complementam. 

    A figuração de maior antiguidade que espelha a dualidade dos opostos é a empregada pelas  religiões e filosofias orientais:  Yin e Yang.  Com a figura 22A demonstramos essa complementação de contrários formando um todo.

    Pois bem, utilizando de outras palavras, essa complementaridade que ocorre em todos os acontecimentos e fenômenos está em função de duas forças entre si oponentes.   Não obstante, essa não é a exclusiva forma a se viver pela eternidade afora.   É apenas a forma existencial característica de um determinado período.  Período que corresponde ao viver nestes espaços onde a matéria é mais densa.  Como, também, correspondente ao estágio evolutivo em que na Terra os espíritos se encontram e que foi comentado na apostila 20 da série A Criatura.

    Essa dualidade, de longo tempo conhecida, está também referida no antigo testamento bíblico.  Mais particularmente no livro Eclesiastes.  Lá diz assim:  “Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher; tempo de matar, e tempo de curar; (...) tempo de chorar, e tempo de rir; (...) tempo de guerra, e tempo de paz;” [Ecles. 3:2 a 3:8]

    Essas referências mostram que quando uma força é predominante a outra fica aniquilada.  E tenderia a permanecer sempre assim se à dominadora outra contrária não afrontasse.

    Para não estabelecer a condição de a força do ódio predominar indefinidamente, o sistema dualístico deste universo se encarrega de providenciar as mutações.   Assim é que, sendo o indivíduo o juiz de si mesmo, num momento qualquer da eternidade a razão evolutiva se torna superior ao seu escárnio e displicência pela vida.   Nesse dia inicia-se para ele a revisão de seu passado.   Uma inusitada força, por ele até então não sentida, em tudo diferente de todas as demais, começa a lhe corroer as entranhas da alma.   É quando o escarnecedor, que a tudo desrespeitava, chora arrependido pela primeira vez.

    Lágrimas amargas, verdadeiro fel, rolam por suas faces.   A ovelha perdida vai tomando o rumo de casa, e o Criador a aguarda de braços abertos.   É o filho pródigo de que falou Jesus.

    Na figura 22B, quadro 1, vêmo-lo pejado sob a dor do arrependimento, abatido sob profundo desânimo, enquanto que no quadro 2, ao influxo da ponderação – meditação - o vemos levantando-se disposto a enfrentar os desafios por renovar sua vida.

    Entretanto, alguma coisa em nossos comentários acima não ficou bem esclarecida.   Alguém poderá perguntar:  “- Sendo dualista a ação geradora dos fatos, causada por forças entre si contrárias, essa mesma ação, mais tarde, não provocaria sobre esse mesmo indivíduo, um impulso de tal forma que ele venha a desprezar o arrependimento e volte a repetir as atitudes desconcertantes de antes ?”

    Para acompanhar essa pergunta apresentamos a figura 22C.

    No quadro 1 o indivíduo apático sob o peso do arrependimento; 

    No quadro 2, levanta-se disposto a refazer os atos, corrigindo-os.   Até aqui temos a ação dualística. 

    No quadro 3, conforme a pergunta, o mesmo indivíduo, algum tempo depois, sucumbe a outro ciclo dualístico retornando à antiga apatia.

    A pergunta tem sua lógica e não pode ser ignorada, porém, cosmicamente não é assim que se transcorrem os momentos na vida de um Ser.

    Sem dúvida, o dualismo continuará na sua ação equilibradora, mas após um período que chamaremos de primeiro estágio da ação, transporta-se a outro período, segundo estágio da ação, e passará a atuar em outro patamar qualificativo superior ao anterior.

    É esta a imagem que a figura 22D representa, corrigindo a suposição vista na figura 22C.

    Estágio 1

    Quadro 1 = sob o peso do arrependimento confrange-se em reflexões analisando onde foi que deu o primeiro passo na direção da desdita; 

    Quadro 2 = após determinado tempo de ponderação e tomada de firmeza, levanta-se para empreender atitudes que corrijam as anteriores.  Aqui se vê o dualismo em seu primeiro período.

    Passando ao dualismo em  seu  segundo período temos o Estágio 2

    Quadro 3 = entretanto as influências externas não cessam de agir sobre a pessoa e, embora tomada de firmeza quanto a empreender atitudes corretivas, não se exime de sentir dúvidas quanto ao que fazer.  Ocorre, então, uma tendência a desistir do novo empreendimento; 

    Quadro 4 = todavia, a força alentadora neste novo estágio, embasada pelas reflexões – quadro 1 - encoraja-a um pouco mais.  Sente um sopro de decisão e, finalmente, determinada, empreende a “subida”.  Dá o primeiro passo, degraus acima.  Isto é, a ação de um estágio subseqüente sempre será visando resultado superior ao obtido no estágio anterior.   Jamais o indivíduo recairá em situação absolutamente idêntica à que deixou, mesmo que os acontecimentos percebidos ao nível físico tenham a aparência de mesma conotação.   Até porque, como existimos num plano onde o tempo é linear, a cada momento seguinte ao anterior, alteram-se as condições espaço-temporal.   Alteram-se os cenários, de momento a momento, neste palco da vida.

    Explicando com outras palavras e usando da figura 22E.

    Conforme constante na apostila 15 da série O Inevitável Despertar, a evolução se processa na forma de uma espiral ascendente e expansiva. 

    Isso significa que desde o momento inicial de sua existência, conforme ponto indicado na figura 22E, o espírito sente a irresistível impulsão de sua expansão consciencial. 

    Segue trasladando-se, ascensionalmente, pela espiral evolutiva, ocupando a cada momento uma posição dentro da sequência linear do tempo e dos espaços, concomitantes ao grau evolutivo atingido.

    Como a espiral é expansiva e ascendente, veja nesta figura 22F, a cada momento, e a cada volta, o ponto do tempo e do espaço em que o espírito se encontra sempre será diferente do anterior.

    Numa outra visualização, oferecemos a figura 22G.

    Acompanhando por ela vemos:

    Posição A = Início existencial de um espírito.  Ali ele inicia a percorrer sua trajetória evolutiva.  Após se passar indefinido tempo, ele completa uma volta de seu ciclo evolutiva, porém, como a figura demonstra, ele não retorna à posição A, pois a evolução não é feita num círculo fechado.  Ela possui a forma espiralada.  Assim o espírito completando uma volta chega à...

    Posição B = Como se vê pela figura, da posição A à B o espírito ocupou um determinado tempo passando por variados espaços.   E assim, sucessivamente, prosseguindo pela trajetória, ele chega à...

    Posição C = E esta sequência se repete indefinidamente.

    Voltando, então, ao que comentávamos sobre forças dualísticas, figura 22D, por detrás de cada Ser opera-se essa complementação de forças, impulsionadora, levando-o sempre para um estágio acima ao qual se encontra no momento.

    Assim, aquele que foi modificado pelo despertar do arrependimento consciente, - quadros 1 e 2 figura 22D - jamais estacionará em sua evolução.   Poderá acontecer que ele, após a ascensão ocasionada por aquele primeiro arrependimento, venha de se sentir vacilante ante o novo momento – quadros 3 e 4.   Este novo momento, apesar de se sentir vacilante, não lhe provocará aquela amargura descrita pelo quadro 1.  Este novo momento lhe dirá que ele é capaz de fazer mais, e melhor.  É o novo dualismo - força vacilante/força de capacitação - porém num estágio superior ao anterior.

    Neste nosso universo de matéria adensada a sequência será sempre esta, pois do contrário o indivíduo cairia na acomodação.  

    Haverá sempre um desafio novo pela frente a desperta-lo.  Esse novo desafio é o ferrão do carreiro que fere a anca do boi, fazendo-o andar.  (Ver apostila 25 à 27 da série A Criatura, e a figura 27A).

    Agora sim, as respostas estão na cara.  De estocada em estocada, em virtude das mutações dualísticas, o indivíduo se enche de coragem por, definitivamente, abraçar o respeito e a fraternidade aos seus semelhantes.   Isto é, a força do Amor.

    Mediante essa decisão ficam para traz os vales obscuros de sua vida e surgem à frente os campos verdes e iluminados.   A paz começa a se fazer em sua vida.   Não quer dizer que o mundo se alterou para proporcionar-lhe a paz.  Não.  Ele é que repletou-se de compreensão e paciência armando para si a tenda da paz.   É a nova modalidade de plantio que ele implementa em sua lavoura.  Por direito, mais tarde, dela colherá os frutos de harmonia.

    Portanto, tudo não passou de uma ação planejada – pensada – desejada e posta em execução – força de vontade.  Meramente usou de uma força oponente à anterior.   Isto é, usou das prerrogativas que o dualismo universal permite.

    Em resumo:  se a mente constrói para o mal, ela mesma pode construir para o bem.  Quem delimita a direção é o pensamento, o desejo e a vontade.

    Por isso, nos trabalhos assistenciais são vistas muitas pessoas que comparecem, inicialmente, arqueadas sob o peso de uma derrota provocada pelo ódio que destilaram, mas que algumas sessões a seguir se aprumam pela força do reconhecimento que passaram a expressar em atitudes de respeito para com os semelhantes.  Passaram a expressar a força do Amor.

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    As casas espiritualistas devotadas ao trabalho recuperativo das criaturas devem se comportar pelos princípios acima mencionados.   Sem perguntar aos frequentadores quem são, ou o que fizeram. Simplesmente os abraçando e franqueando-lhes suas instalações como abrigos que são das almas confusas.   Neste novo cenário eles encontrarão a luz representada pela harmonia da casa que os recupera dos maus tratos a si mesmos infligidos.   Do remorso doentio passam ao arrependimento operante, e se oferecem como os mais novos voluntários do Grupo, engrossando a equipe daqueles que não indagam, mas que, renunciando a qualquer proveito pessoal, trabalham em prol de um mundo melhor.

    A experiência tem nos mostrado que os filhos do arrependimento se transformam em filhos do Amor.  Tornam-se confiantes, leais, e libertos da viciação doentia que os escravizava.   Seus lares se enchem de harmonia.   E não importa que sejam lares modestos.   Ali há, contudo, riqueza de compreensão, tolerância e vontade de renovação.   Seus filhos, antes, também atormentados, passam a demonstrar equilíbrio emocional e interesse na vida.  Se tornam saudáveis e alegres.

    Por tais razões é que os anônimos e desinteressados colaboradores das casas espiritualistas, mesmo sob o peso de suas particulares preocupações, não deixam de dedicar suas forças aos semelhantes.  No âmago de nós mesmos, recordamo-nos que também fomos viajantes da desdita, e que um dia, exaustos, uma porta amiga se abriu para nos abrigar.

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    Na próxima apostila veremos uma série de instruções que demonstram a pujança das forças reconstrutivas do Amor.

     

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    Bibliografia:

    Apostilas 18 à 20 e a 56 -  Série Mediunidade

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Ação e Reação – capítulo 19 – Federação Espírita Brasileira

    Ângelo Inácio/Robson Pinheiro – Legião – Casa dos Espíritos Editora

    Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulos 8 e 11 – Livraria Allan Kardec Editora

    Edith Fiore – Possessão Espiritual – Editora Pensamento

    Miramez/João Nunez Maia – Horizontes da Mente – Editora  Espírita Cristã Fonte Viva.

    Yvonne A. Pereira – Memórias de Um Suicida – Federação Espírita Brasileira

    Richard Wilhelm – I Ching O Livro das Mutações – Editora Pensamento

    Helena Petrovna Blavatsky – A Doutrina Secreta – vol. II – Editora Pensamento

    Pietro Ubaldi – A Grande Síntese – Livraria Allan Kardec Editora

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Abril de 1998

    Revisão em Dezembro de 2008

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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