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    O Inevitável Despertar - Apostila 7

    O Inevitável Despertar - Apostila 7

     

     

    O Espírito Violentado

     

    Falávamos que a complexidade da vida moderna, em que pese a evolução intelectual das pessoas, causa, entretanto, um retardamento para a compreensão da dimensão espiritual do Ser.  Tendo olhos só para a matéria, distancia-se do espírito, e quando este chama o intelecto à razão, o indivíduo esperneia tentando fugir à convocação.

     

    Antes, diz Assagioli, “uma conversão moral, uma simples devoção sincera (...) costumavam ser suficientes para abrir as portas para um nível superior de consciência.”  (Esta frase está contida na página 51 do livro Emergência Espiritual, editado pela Editora Cultrix, organizado por Stanislav Grof e Christina Grof, conforme vimos na apostila 06). 

     

    O que Assagioli quer dizer é que a simplicidade da vida favorecia a esse despertar sem maiores exigências, todavia, a complexidade de agora só proporciona o mesmo efeito depois de vigorosamente sacudir o indivíduo.  Suas múltiplas culpas, incrustadas na alma, de lá só se desalojam depois que aceita, como irreversível, assumi-las, em razão das suas quedas em vidas anteriores.

     

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    Comparemos as eras e seus costumes para constatar quão prejudicial, espiritualmente, se tornou a forma vivencial da atualidade.

     

     

    Em tempos anteriores, quando os aglomerados urbanos eram apenas pequenos povoados, isolados uns dos outros, pois as estradas eram caminhos rudes e nenhum outro meio de transporte havia, senão carroças e as montarias, as respectivas populações vivenciavam seus problemas espirituais dentro dos estreitos limites das religiões que por ventura lá existissem.   Dessa forma, as modalidades de crença, dentro daqueles padrões de vida simples e regionalizada, eram suficientes para atender os anseios do despertamento consciencial.

     

     

    Mas o mundo mudou por inteiro e, sociologica-mente falando, a dinâmica de convivência, hoje, é outra.   Com o crescimento populacional urbano as cidades quase se amontoam umas sobre as outras.  Além disso, com os meios de comunicação de nossa era, não mais existem povoados isolados.

     

     

    Se existe algum que ainda não seja al-cançado por rodovia, o é, sem dúvida, por outro meio moderno: avião, telefonia, tele-visão, ou a rede internacional de computadores, a Internet.  O fato é que, na face de nosso planeta, não existem mais povos vivendo isolados dos demais, principalmente, considerando-se a enorme quantidade de satélites que orbitam a Terra, varrendo todos os quadrantes do globo.

     

     

    Essa aproximação, denominada de Globalização, se trouxe o conforto e as comodidades de encurtar distâncias, trouxe, tam-bém, em seu bojo, um forçado despertar psíquico.

     

    Expliquemos:     

    Os diferentes aglomerados populacionais até a algum tempo atrás, possuíam suas culturas próprias.  Cada uma desenvolvida segundo as peculiaridades de cada região.  Portanto, haviam diferenças vivenciais entre os povos.   O rápido encurtar das distâncias, e o não concomitante preparo cultural das respectivas populações, violentaram esse regionalismo.

     

    Por exemplo, culturas cuja tônica era a hospitalidade sincera e simples entre os conterrâneos, foram descaracterizadas e contaminadas pelo tentáculo desagregador da sociedade contido na televisão.

     

    A programação veiculada pela televisão padronizou, no mundo inteiro, a linguagem, a maneira de convivência e o tipo de roupa das populações.  Em outras palavras, as pessoas passaram a viverem falsas alegrias, pois aquelas cenas mostradas na telinha não refletem a realidade de suas vidas e, por conseqüência, sujeitas a sofrer angústias causadas por inescrupulosos interesses comerciais veiculando ilusões danosas.

     

    No Brasil, por exemplo, a população geral, desde o litoral até o distante estado do Acre, e de norte a sul, fala, veste e se comporta como paulista ou carioca, pois são nesses dois centros, São Paulo e Rio de Janeiro, que se originam os focos irradiadores de toda programação televisada em nosso país.  As poucas programações regionais, para garantir audiência, acabam copiando as dos grandes centros.

     

    Pois bem, como dizíamos linhas atrás, desapareceu da cultura mundial o regionalismo cultural que poderíamos chamar de a alma de um povo.  Sua identidade.  Aquilo que, reencarnatoriamente, viriam a ser degraus evolutivos, isto é, uma ponte entre uma etapa e outra proporcionada pelos regionalismos, desapareceu.   Como resultante, as pessoas sem habilidade para lidar com esse repentino transformismo social, começaram a padecer do alto custo de deixarem de ser elas mesmas, para serem o que a sociedade manipulada pela mídia impõe que elas sejam.

     

    Diante desse quadro é fácil verificar o quanto se tornou complexo o processo de harmonização interior, já que as tendências e preferências pessoais do indivíduo são bombardeadas pelos interesses da globalização.

     

    Vai longe o tempo em que uma simples crença resolvia os problemas provocados por ansiedades interiores, nos diz Assagioli.  A luta, rente ao despertar da espiritualidade, em nossos dias, tornou-se renhida e exige, do implicado, muito mais esforço do que antes.   As religiões tradicionais não arredaram pé de seus cerimonialismos, quando deveriam ajustar-se à mutação psíquica que  ia acontecendo ao longo desses dois mil anos de história da humanidade, para proporcionar aos seus adeptos a clareza da realidade cósmica.

     

    Por outro lado, com o avanço dos sistemas de comunicação global, as práticas das religiões do oriente cobriram o ocidente de ponta a ponta.  Quem delas provou constatou uma realidade espiritual subjacente muito mais coerente do que as práticas, puramente ritualísticas do ocidente, o que equivale a dizer, vazias de sentido espiritual.

     

    Daí, formou-se a dificuldade que se observa no despertar, pois de um lado a mídia demolindo tradições culturais, e de outro o não concomitante acompanhamento evolutivo religioso, fez com que o Ser se sentisse desamparado, numa luta muito desigual.  Não se luta apenas para ajustar o despertamento a uma condição espiritual mais elevada.  Luta-se, também, contra as forças desagregadoras da família e da individualidade, que se mostram disfarçadas pelo dístico de Modernismo.

     

    Modernismo que, na verdade, apenas gera o inconformismo e o sentimento de impotência.  Nulidade.  Neste sistema o Ser não “cresce”, ele se apaga.  Essa é a dedução lógica que extraímos das aclamações de Assagioli, reproduzidas acima e na apostila 06.

     

    Todavia, nosso estudo não pretendia digressões filosóficas.   Aconteceu porque nos pareceu oportuno tornar visíveis os fatos mais agravantes dos atuais despertamentos conscienciais.  A massificação social, que obstrui o indivíduo de encontrar-se consigo mesmo, juntando-o a todos os demais como se os seres humanos fossem uma manada de animais irracionais.   Agora, voltemos ao tema central de nosso estudo, perguntando:

     

    O que faz desencadear os traumas nos EAC ?

    Para responder lembremo-nos dos estudos anteriores quando falou-se da Lei de Causa e Efeito, como também, visualizando a figura 07E.   Ela mostra:

     

     Nível 1 – Dimensão da consciência.  No desenho, e nesse plano, denominando-o de dimensão da consciência, resumimos tudo o que existe “acima” do plano Mental.  É nessa dimensão que está o Ser verdadeiro, o EU integral, o Espírito.  (Observação – adotamos essa simplificação com relação a tudo que existe “acima” do plano Mental para tornar mais fácil nossa compreensão.  Detalhamentos maiores podem ser encontrados na série A Criatura)  

    Nível 2 – O Plano Mental  -  Coexistem neste plano os indivíduos suficientemente evoluídos para tanto, naturalmente usando o corpo Mental, ou os ainda encarnados quando nos estados de desdobramento através do sono ou de projeções conscienciais. 

    Nível 3 – O Plano Astral  -  Semelhantemente ao que descrevemos acima sobre o plano Mental, fazendo uso, porém, do corpo Astral, ou perispírito.

     

     

    Nível 4 – O Plano Físico – O plano no qual existimos, também chamado de terceira dimensão.

     

     

    Observa-se pela figura que há uma “enorme” distância entre o EU e o seu veículo mais denso, o corpo humano.  Além disso é preciso lembrar que cada célula do organismo humano possui sua consciência, o que quer dizer que possui um certo grau de vontade que age independentemente da vontade do Eu.   Sobre isso, para que não haja dúvidas, citamos mais amplo comentário na apostila 24 da série A Criatura.

     

    Apenas para reforçar repetiremos uma das frases lá constante, que informa que o corpo humano é formado por bilhões de seres microscópios, individualizados, trabalhando sob o comando da mente.”  Esta citação é de Manoel Philomeno de Miranda, espírito, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, em seu livro Painéis da Obsessão, página 7, editado pela Livraria Espírita Alvorada Editora. 

     

    De igual forma, nos apontamentos de Emmanuel, espírito, livro Roteiro, capítulo 6, e André Luiz, espírito, livro Mecanismos da Mediunidade, página 45, ambos psicografados por Francisco Cândido Xavier e editados pela Federação Espírita Brasileira, temos, respectivamente, que tanto o corpo Astral quanto o Mental, também são constituídos por componentes celulares possuidores de um certo grau de independência em relação ao comando central exercido pela consciência.

     

    Essa independência dos corpos em relação à consciência, como também em relação de uns com os outros, promove algo que poderemos chamar de vontades individualizadas.   Isto é, cada corpo possui tendências próprias que nem sempre são coincidentes com a vontade central.   Este aspecto também é visto na série Reconstrução, apostilas 04 e 05.  Sabe-se, ainda, que as tendências são as heranças de vidas passadas que além de gravarem matrizes na consciência, também deixam as células astrais e mentais impregnadas de tais influências.

     

    Ora, como dizíamos acima, há uma “enorme distância” entre a consciência e o corpo físico, pois que entre eles estão os corpos Mental e Astral, comportando-se, cada um, como se disse, com um certo grau de independência que, podemos dizer, com um certo grau de poderem desobedecer ao comando central.

     

    É exatamente por isso que começa o aparecimento dos traumas.  A figura 07F esquematiza o acontecimento.  Nela vemos que o Espírito, situado em sua dimensão consciencial, injeta em seus corpos um fluxo de energia harmonizada.   Porém, os corpos Mentais e Astrais, embalados pelo automatismo das viciações adquiridas em tantas outras vidas, bloqueiam, de alguma forma aquele fluxo.

     

     

    Na figura, o audacioso corpo Astral, “desobedecendo” ao comando central, “corta” o fluxo descendente.   Devido a isso, o comando do Espírito, representado pelo fluxo de energia, se torna imperceptível ao corpo Humano.   Este, por sua vez, com sua respectiva independência, não percebendo o alerta que vinha do “alto”, e mancomunado com o corpo Astral, continua seus procedimentos inconvenientes. 

     

    Mas o Espírito não desanima.   Sabedor de sua verdadeira destinação, envia outros estímulos, em renovadas tentativas.   Os corpos intermediários outra vez reagem.   A luta se intensifica, pois o Espírito quer ver-se à frente de seus corpos e, virtualmente, comandá-los, para impedir que estes, devido aos automatismos celulares, não lhe preguem surpresas que de futuro venham de ser “novas tempestades”.

     

     

    Desse repetir conflituoso surgem os traumáticos despertamentos conscienciais.   O Espírito tentando recuperar a supremacia sobre toda a constituição integral de seus corpos, a cada momento intensifica a pressão.  O indivíduo, ao nível Físico, sente-se como dividido em muitos, às vezes, nem sabendo quem é mais.

     

    Nesse relampaguear de forças advirão lampejos de clarividência, clariaudiência, desdobramento consciencial, perdas momentâneas de contato com o mundo físico, etc.

     

    Tudo isso, e muito mais, para aquela pessoa que vivencia tal situação, tem a característica de alucinação.   O repetir desses episódios conjugados com a falta de esclarecimento competente, culmina, na maior das vezes, no descontrole mental.   Após este, irremediavelmente, vêm os desarranjos orgânicos.   A partir daí a pessoa vai ficando mais prisioneira da incompreensão e dos tratamentos, às vezes mais infringentes do que curadores.   Seu martírio, pelo resto da vida, se torna ininterrupto.

     

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    Continuamos na próxima apostila

     

     Bibliografia:
     André Luiz/Francisco Cândido Xavier  Evolução em Dois Mundos – página 39   Federação Espírita Brasileira
     André Luiz/Francisco Cândido Xavier   No Mundo Maior  -  páginas 45, 54 e 58  Federação Espírita Brasileira
     Edith Fiore       Possessão Espiritual    Editora Pensamento
     Eliezer C. Mendes         Psicotranse      Editora Pensamento
     Emmanuel/Francisco Cândido Xavier   Pão Nosso – capítulo 111    Federação Espírita Brasileira
     Enciclopédia Barsa     Volume 15, página 73     Encyclopaedia Britannica
     Itzhak Bentov      À Espreita do Pêndulo Cósmico  Editora Cultrix
     Leopoldo Balduino  Psiquiatria e Mediunismo – página 201  Federação Espírita Brasileira
     Manoel Ph. Miranda/Divaldo P Franco  Painéis da Obsessão – Prefácio  Livraria Espírita Alvorada Editora
     Roberto Assagioli      Psicossíntese    Editora Cultrix
     Stanislav Grof e Christina Grof    Emergência Espiritual   Editora Cultrix
     Vivências   Apostila 13 da série Reconstrução e 37 e 52 da série Mediunidade  

       

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Julho de 1997

    Revisão em Novembro de 2005

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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