O Amor - Capítulo 2
Interrelacionamentos
Compreendida esta visão que chamaremos de Universalista, podemos, então, passar nossa análise a outro ponto, este localizado em nossa proximidade vivencial.
Nosso interrelacionamento individual com as demais pessoas, e do por quê atraímos, e nos sentimos atraídos por só uma determinada individualidade em especial, a cada retorno encarnatório, a despeito de tantos bilhões de outras individualidades.
As tradições esotéricas dos povos mais recuados – alguns perdidos na imensidão dos tempos – rezam que em tempos ainda mais distanciados – milhões e milhões de nossos anos – existiu uma raça cuja constituição física era mais rarefeita que a de nossos corpos atuais.
Não obstante essa diferenciação as Mônadas que animavam aqueles seres foram, ou são, estas mesmas que nos animam.
Isto é, éramos nós mesmos que, naqueles tempos recuados, animávamos aqueles corpos de constituição rarefeita.
Aquela morfologia – (usamos a palavra morfologia por falta de outra que melhor designe o feito) – era assexuada.
Os seres ainda não estavam divididos nos gêneros masculino e feminino, como desde mais recente, na escala do tempo cósmico, se dá.
Assexuados, portanto, andróginos.
Todos se sentiam, e eram, completos em si. A Unidade.
Não haviam as contrapartes. Assim, fomos todos nós.
Contudo, agora vivendo a bipolaridade, de forma atávica, essa lembrança não se dissolveu de nosso ser.
De maneira sutil, e inconsciente, ela nos propulsiona ao reencontro daquela Unidade de que já o fomos.
Essa propulsão, na atual morfologia de que se constituem nossos corpos, se manifesta na forma de atração entre os opostos: homem/mulher.
É percurso, a jornada, da busca de reintegração na Unidade.
Essa mudança morfológica da fase de corpos assexuados para os nossos atuais começou a partir de certa era, que aqui não vamos descer a minúcias porque já o fizemos na série A Criatura.
Foi quando aqueles seres primordiais – nós naquelas eras – passaram a engendrar corpos densos.
Concomitante a este feito também desenvolvia-se o intelecto, cujo progresso mal conduzido despertou-os para o materialismo, a par, principalmente, da divisão dos seres em formas sexuadas.
Essa mutação morfológica destituiu os seres da Unidade, condenando-os à dualidade – bipolaridade – que, em princípio, é a característica geral dos universos matéria.
Numa forma mítica de dizer, foi a “expulsão do paraíso”.
Deixaram de se sentir completos em si.
Passaram a necessitar de uma contraparte a complementa-los.
Foi quando, ao cenário da vida apresentou-se o “ator” Magnetismo Humano.
Este magnetismo, ou força de atração entre os seres, em seu mais profundo significado, é a atávica lembrança do período androgínico quando, em si, era-se um contexto de macho e fêmea sem que, contudo, nos corpos houvessem as correlatas características que marcam os corpos de agora.
Passou-se à desenfreada busca do complemento.
Busca que, como mencionado acima, se efetua na forma de atração entre os contrários:
homem atrai mulher; mulher atrai homem.
Forma inconsciente de regressar ao estado androgínico.
E na forma de um atavismo mais romântico, os espíritos na Terra encarnados, nós, almejam o reencontro com uma alma gêmea, aquela que, supõem, dar-lhes-á a complementaridade que anseiam por reviver.
Reviver, esta é a palavra certa, pois já a viveram.
E o por que da alma gêmea?
O quanto isso intriga às pessoas.
Procurando informações sobre esse intrigante tema, Almas Gêmeas, encontramos em Platão, num de seus escritos, ”O Banquete”, o que modernamente passou a ser chamado de “O Mito do Andrógino”.
*** Veja as vidas de Platão Aqui!
Contudo, a palavra mito aqui deve ser entendida como ensinamento iniciático, aqueles que eram tratados nos mistérios das sociedades iniciáticas antiquíssimas.
Portanto, um ensinamento a não ser desprezado a priori, mas a ser pensado. É o que faremos.
Comecemos por entender a palavra andrógino.
No idioma grego, formou-se de: “andros” = homem e “gyno” = mulher.
Aquilo que se poderia chamar de o ser completo, pois nele se resumiam os dois princípios, o masculino e o feminino.
Andrógino, então, era um Ser, em si, completo que, posteriormente subdividiu-se em duas contrapartes.
Temas que falam dessa subdivisão são vários, e cita-los aqui só faria acrescer nosso texto, sem que validade maior disso oferecesse.
Comentaremos, porém, apenas um deles.
Um desses antigos escritos conta de uma Mônada habitando um corpo androgínico, posteriormente dividido em dois contrários, bem como ela também tendo sido subdividida em duas Mônadas.
Não nos parece correto dizer que a Mônada, assim como o corpo que ela animava, foi dividida em duas.
Temos para nós, e sobre isso comentaremos mais à frente, que os princípios masculino e feminino eram acionados por duas Mônadas coabitando um só corpo.
Figura 7, a seguir.
Figura 7 – Num exemplo muito simples, antes da divisão, mônadas A e B coabitavam o mesmo “espaço” – corpo andrógino.
Digamos, eram duas metades formando a Unidade.
Quando ocorreu a mutação morfológica, em que a Unidade androgínica se subdividiu em duas partes contrárias, uma formando o macho, e a outra a fêmea, ambas as mônadas, contudo, conservaram em si partes da essência que as unificava.
Figura 8 – Nesta figura vemos a ocorrência após a divisão.
As mesmas mônadas A e B passaram, cada uma, a ter suas individualidades animando corpos separados.
Mas a lembrança atávica daquela Unidade androgínica não se apagou do âmago dos seres, e estes passaram a procurar no ser do sexo oposto aquele que, juntando-se a si, viesse de recompor a Unidade perdida.
Figura 9 – As mesmas individualidades buscando-se pela imensidão da Terra através de seus magnetismos.
É essa completude que todos os seres existentes na Terra desejam encontrar na pessoa amada.
E, como gáudio máximo dessa busca, encontrar a alma gêmea, aquela que, justapondo-se ao que a procura, crie a compatibilidade que os levem a sentirem-se a Unidade.
Essa descrição encontra-se, também, nos vetustos versos dos Upanishads, parte literária dos Vedas, quando ensinam que:
“Não é por causa dos corpos físicos opostos que os seres se desejam, mas por seus princípios átmicos.”
Numa tosca tradução: “por suas almas”.
Considerando, porém, as atuais características vivenciais que nossa sociedade vem aceitando como normalidade, este belo princípio citado nos Upanishads está se perdendo na onda de erotismo.
As facilidades com que homens e mulheres evidenciam seus corpos, e às uniões mais rasteiras se entregam, corrompem os fundamentos conscienciais para os quais foram criados.
Perde-se, por conseguinte, aquela visão – a sensibilidade – de distinguir a alma do corpo, e as uniões, celebradas, às vezes, com ricas pompas de cerimoniais eclesiásticos, mal duram uns poucos meses, porque, o fundamento daquela aproximação esteve só nos impulsos das atrações eróticas.
E neste ponto começamos a discorrer porque – como citado acima – nosso pensar não coaduna com a informação de que “a Mônada fora dividida em duas”, mas que, imaginamos, eram duas Mônadas que animavam um só corpo androgínico.
Do que aprendemos na vasta literatura antiga, que nos revela sobre a Criação, notadamente quanto ao sistema Solar e seus habitantes, e mais em detalhes sobre o planeta Terra, verificamos que a Mônada é um princípio indivisível, Unidade de Consciência.
Nesta figura 10 procuramos dar uma visão do desdobramento na criação.
Vejamos o que nos descreve a figura 10:
1 – Da Consciência UNA emanam raios que vêm de dar origem às primitivas Mônadas.
Estas, eras antes de nossa atualidade, vieram de ser as criadoras de Universos.
2 – Eras remontaram eras.
Universos foram criados, universos desapareceram.
Tempos que em nossa contagem citam cifras em trilhões.
Algo inconcebível para a mente humana. (A Doutrina Secreta – Volume 1 – pág. 76)
3 – Mas, imutavelmente, prosseguiam aquelas que haviam sido as primitivas, ultrapassando eras e já “agora mais próximas de nosso tempo” – por favor não tomem este mais próximas de nosso tempo, como sendo apenas alguns milênios atrás) – propagando o nascimento de outras Mônadas, dá-se o surgimento daquela que, eras mais tarde, viria de ser nosso Primeiro Logos, o criador de nosso sistema planetário.
4 – Do Primeiro Logos, em determinada era, parte uma emanação que daria nascimento a uma Mônada que, transformando-se ao longo de outras incontáveis eras, veio de ser o nosso Segundo Logos. O Vivificador.
5 – Outra emanação do Primeiro Logos, em era posterior ao descrito no item 4, deu nascimento a outra Mônada.
Esta, após eras e eras, veio de ser o nosso Terceiro Logos. O Materializador.
6 – E agora, já estando formado o Excelso Trio, inicia-se o processo de criação do sistema solar que habitamos.
Os ponteiros do relógio do tempo não cessaram de girar num turbilhão de eras sem fim quando, em momento apropriado, incontáveis emanações partiram do Primeiro Logos dando nascimento a este inimaginável contingente de Mônadas das quais, cada um de nós, somos uma delas.
Novamente, também, em momento apropriado emanam do Segundo Logos raios vivificadores a despertarem aquelas Mônadas que Lhe foram entregues aos seus cuidados.
7 – Concomitante aos cuidados vivificadores do Segundo Logos vamos encontrar o Terceiro Logos efetuando a transformação dos elementos divinos, transmutando-os nos diferentes aglomerados atômicos dando surgimento ao que chamamos de matéria.
8 – Estabelecida as plataformas que permitiriam às Mônadas iniciarem a evolução, - os diversos planos existenciais - elas já podiam vir a estes habitar. Necessitariam de corpos.
Estes foram criados.
Era preciso liga-las aos corpos.
O Terceiro Logos tomou as providências criando o irresistível campo de atração entre matéria e espírito.
E as eras remontaram eras... e aqui estamos nós, aquelas mesmas oriundas do Primeiro Logos.
***Segundo André Luiz, desde nossa Criação até o Hoje, se passaram aproximadamente 1 BILHÃO E 500 MILHÕES DE ANOS. - Evolução em Dois Mundos. (página 28)
Assim, portanto, com essa descrição, e imagem da figura 10, estamos a dizer da individualidade monádica, razão porque consideramos incorreta a informação de que a Mônada, no feito da transformação dos corpos andróginos em corpos bipolares, foram, cada uma, dividida em duas.
Agora, voltando à temática Alma gêmea, temos a destacar importantíssima informação que extraímos da magnífica obra de Helena Petrovna Blavatsky, A Doutrina Secreta, em particular no volume II, à página 285, quando, com sua impar sabedoria ensina:
“As ‘Tríades’ nascidas sob a influência do mesmo planeta, ou melhor, as Radiações de um mesmo Espírito Planetário, ... são, em todas as suas vidas e renascimentos posteriores, almas irmãs ou ‘gêmeas’ nesta Terra.”(Grifos nossos)
Naturalmente que alguns termos contidos na citação acima poderão fugir da compreensão de alguns leitores. Sendo assim, adicionaremos algumas explicações: (Ver figura 11 mais à frente)
Tríades = Os seres sencientes são compostos por duas tríades.
A tríade Superior e a tríade Inferior.
A tríade Superior se compõe dos princípios: Átma – Buddhi – Manas (ou mental superior).
A tríade Inferior, por sua vez, é composta por: Mental Inferior – Astral – Físico.
A tríade Superior é a estrutura fundamental da fase evolutiva chamada de Super Humana.
A tríade Inferior é o componente básico da fase evolutiva chamada de Humana, esta em que nos encontramos.
Não obstante, ainda limitados à fase Humana, possuímos a Tríade Superior, pois ela é a ponte entre nosso estado que chamaremos de Consciência Humana, em estado vígil ou não, e o Eu Maior, ou o Espírito, a Mônada.
Nas apostilas 9, 10, 11 e 12 da série A Criatura expomos vasto comentário sobre tríades, bem como ofertamos algumas ilustrações para melhor compreensão do tema.
Radiações de um mesmo Espírito Planetário = Também na série A Criatura, apostila 7, encontrarão informações, e ilustração, referenciando este tópico.
Não obstante, adicionamos a seguinte informação: Em algum momento da Eternidade, transpondo nossa visão dos planos interiores para esta dimensão tridimensional do cosmos, encontramos a criação do sistema planetário Solar.
Uma criação que não possa ser suposta como a partir de um estalo de dedos e, do nada, cá estava prontinho este conjunto de esferas.
Mas uma criação que exigiu a atuação de milhares de milhares de “operários cósmicos” sob a regência do que é chamado de Cristo Solar, ou, como indicado na figura 10 acima, o Primeiro Logos, que Blavatsky expressou por Espírito Planetário.
Ele, não só vinha de ser o regente dessa magnificente obra, mas também um dos idealizadores e, por fim, o Vivificador – o que dá Vida ao sistema.
Para compreender basta, guardadas as proporções, comparar o conjunto planetário com nosso corpo físico e entender que a animação de nosso corpo físico é dada pela presença de nosso Eu – ou espírito – ou a Mônada, e que a vida animada do sistema planetário é proporcionada por esse Ente quintessenciado, de que nossa compreensão ainda não possui termos mais expressivos.
É à sua radiação áurica – ou campo áurico – que Blavatsky se refere quando cita: “Radiações de um mesmo Espírito Planetário”.
Para ver sobre campo àurico, na série Mediunidade, apostila 19, oferecemos singela ilustração.
almas irmãs ou ‘gêmeas’ = São todas as mônadas “nascidas” em determinado sistema planetário, pois que assim, por todos os tempos em que ainda estiverem sob os processos reencarnatórios, se sentirão irmãs, e dentre estas aquelas de maior compatibilidade de nível evolutivo alcançado, se sentirão “gêmeas”.
Alguns leitores poderão aventar que, então, todos nós que estamos no planeta Terra somos almas gêmeas, porque, provavelmente, tenhamos, monadicamente falando, “nascidos” aqui na Terra, sob os auspícios de nosso Cristo Solar.
Contudo, esclarecemos, em um sistema planetário, não existem somente Mônadas no respectivo nascidas.
É sobejamente conhecido o fato das transmigrações planetárias nos propósitos de colonização e avanço evolutivo das raças.
Assim, relacionado ao planeta Terra, em tempos muito distantes, para cá vieram espíritos que pertencem ao sistema solar de Capela, estrela da constelação do Cocheiro, que lá nasceram.
*** Leia o Livro - Exilados de Capela
Por conseguinte, se somos nascidos no sistema planetário onde se encontra a Terra, então, não formamos geminilidade com os nascidos em Capela.
Buscando, ou não, a alma gêmea, temos, porém, como mencionado acima, nos mantido insensíveis à percepção da alma que anima o corpo de polaridade oposta, tendo olhos, somente, para a morfologia exterior.
Isso causa os equívocos das buscas, as insatisfações após breve período de convivência conjunta, e a casualidade de acasalamentos que a modernidade veio de permitir.
No entanto, e de forma irreverente, a este conviver momentâneo, o chamamos de Amor.
Todavia no que se refira exclusivamente à Mônada devemos aditar o seguinte esclarecimento:
Acompanhem pela figura 11.
Nesta figura representamos o que se possa chamar de o Homem Integral. O Ser e todos os seus corpos.
Como fica visível da figura, a Mônada situa-se no plano mais elevado. O Plano Monádico.
No idioma sânscrito este plano é chamado de Anupadaka, que, traduzido de forma simples quer dizer, sem vestidura.
Sem vestidura porque ali a Mônada se acha autêntica. É ela, e ela.
Enquanto que nos demais planos ela se reveste de corpos para se manifestar. Como este corpo físico que, quando encarnada, utiliza.
Como também fica visível da figura que há uma “distância” dimensional enorme entre este plano que nos encontramos, plano Físico, e o plano Monádico.
Razão porque pouco ainda possa ser dito sobre o existencial monádico, já que nosso estado de consciência mais avançado ainda se encontra limitado ao corpo Causal, situado no plano Mental Superior.
Também, são muito escassas as informações a respeito dos planos acima do Mental Superior e, assim mesmo, quando as há, vêm revestidas de intrigante abstração metafísica.
Desta forma, na literatura esotérica mais difundida não existem esclarecimentos que elucidem sobre a condição monádica do viver.
Dela, sendo ela, sem acessórios, tais como o de um corpo humano, ou mesmo um corpo Átmico, o mais sutilizado de todos os corpos.
Sabemos, porém, que existem antigos tratados esotéricos que isso descreve, mas estes estão guardados sob o zelo de monastérios nos Himalaias, e só são levados ao conhecimento daqueles, verdadeiramente, iniciados nos princípios cósmicos, posto que entender o significado do que expõem exige conhecimento linguístico e ser possuidor das chaves de decifração.
Alguns dos fragmentos desses antiquíssimos tratados chegaram até ao público comum através do dedicado trabalho de pesquisa de Helena Petrovna Blavatsky, que por muitos anos viveu entre aqueles monastérios.
Sua pesquisa, canalizada por sua excepcional capacidade psíquica, sob orientação e inspiração de nobilitante mestre desencarnado, converteu-se na coletânea de A Doutrina Secreta, iniciando-se pela análise dos fragmentos do Livro de Dzyan, ou Estâncias de Dzyan, um daqueles antiquíssimos tratados da história cósmica.
Considerando, portanto, a impossibilidade de informações mais detalhadas sobre a Mônada, em seu estado genuíno, devemos aceitar que possam existir contradições nos comentários que dela façam citação, sem que isso invalide o valor da pesquisa.
Nós, os viventes na Terra, no estágio evolutivo em que nos encontramos, estamos numa posição semelhante às crianças ao iniciarem a escolaridade primária.
Os professores, embora detentores de mais vasto conhecimento, sabem, porém, que somente as primeiras letras poderão ser ensinadas aos seus alunos.
A compreensão deles ainda é muito restrita, principalmente para questões mais abstratas.
Exatamente, é isso o que nos acontece. Sabemos da existência dos grandes Mestres.
Já nos contaram dos demais planos de existências.
Dos corpos que neles a Mônada utiliza para manifestar-se, interagir.
Do encarnar e do desencarnar.
E até de alguns detalhes sobre a criação cósmica, do cosmos visível.
Nada mais, porém, além disso.
Nos perderíamos na abstração como, convenhamos, a humanidade está mesmo, sinceramente, interessada nesses assuntos?
Os Grandes Mestres não gastam seus tempos com alunos repetentes e renitentes no desinteresse.
Os que o desejarem, porém, poderão procura-Los.
Como? Através de seu próprio Eu, via canais de meditação.