Mediunidade 1 - Apostila 7

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Mediunidade 1 - Apostila 7

 

 

 A  CONSCIÊNCIA  E  A  ENERGIA

   4ª Parte

 

Falamos dos dispositivos auto-reguladores que mantêm o funcionamento do corpo Físico do médium em condições normais, desde que ele seja comedido nessa atividade.  No segmento desse mesmo tema vimos o que os acoplamentos áuricos ocasionam, no que se refere à transferência  da energia consciencial de uma pessoa a outra.  Para esta situação em particular foi comentado que quando a energia consciencial é mal utilizada poderá ocasionar danos irreparáveis, tal como a morte de um feto, ou, de uma criança que ainda esteja sendo amamentada. 

 

Esses fatos de capital importância analisados nas apostilas 04, 05 e 06, nos levam de encontro a uma outra situação igualmente grave:  O comportamento do médium frente àquelas situações analisadas.  Sim, porque depois de analisarmos a interação dessa potente energia, capaz até de causar desarranjos profundos, nada mais apropriado à seqüência dessas apostilas que, a título de aprendizado, fazermos alguns comentários a respeito de atividades mediúnicas onde a pessoa que à elas se dedica usa de artifícios para auferir  benefícios particulares.

 

Uma das primeiras dúvidas que acometem grande número de pessoas que se vêm despertadas para a mediunidade é o do quê fazer com sua faculdade, e como utilizá-la.

 

Como o fato transformador traz acréscimo de energia ao metabolismo psíquico do indivíduo, fazendo-o sentir-se diferente das outras pessoas, comumente isso o deixa com a impressão de ser uma pessoa especial.  Esse acréscimo de energia em seu metabolismo psíquico permite que se tornem aguçadas as suas percepções.  Passa a sentir que possui uma espécie de saber que as outras pessoas não têm. 

 

Na verdade, não é bem assim, pois, comprovadamente, todas as pessoas, em todos os tempos, foram, ou são médiuns.  Uma com maior grau sensitivo que outras, e outras que nem percebem que agem mediunicamente.  Todavia, todas, sem exceção, o são.

 

Porém, aquele indivíduo que se vê, declaradamente, médium,  em  razão  desse acréscimo de energia, como dizíamos, resvala para o sentimento da vaidade.  -  Isso é mais comum do que se imagina.  -  É claro que uma satisfação interior passa a fazer parte de todos aqueles que se tornam, ostensivamente médiuns, afinal, a faculdade tem seus momentos agradáveis, como aqueles de se estar em contato direto com diletos seres que já habitaram nosso planeta e  que  hoje  nos acompanham do Astral. 

 

Dentre estes temos os entres queridos, amigos que se foram, e os chamados protetores.  Entretanto, fazer dessa satisfação uma ferramenta de autopersonificação é arriscado, pois a atividade mediúnica implica em lidar com energias que não se submetem à nossa vontade pessoal.  Sendo desta forma, o médium que se deixa dominar pela excessiva satisfação do que faz, e pela resultante vaidade, torna-se sujeito a associar-se a mentes desencarnadas que apenas se propõem às práticas fúteis e irresponsáveis, quando não perigosas.

 

O indivíduo que se volta a um tal parâmetro de comportamento na sua atividade mediúnica pode até ser possuidor de excelente capacidade intermediadora, o que, trocando em miúdos significa: pode até ser um excelente meio de contato com as dimensões espirituais, sem que, contudo, sua dedicação seja socialmente aproveitável.  Afinal, mediunidade não é sinônimo de seriedade.

 

Não queremos dizer com o que ficou acima que estamos isentos de nossas parcelas de vaidade e orgulho.  Não.  Costumamos até a dizer que, devido à conturbação do mundo atual e o nível evolutivo em que nos encontramos, três têm sido os combustíveis a movimentarem a máquina da vida humana na Terra.  O primeiro é o dinheiro;  o segundo a vaidade e, por último, o Amor Universalista.  Do conjunto destes três a humanidade inteira é prisioneira.  Somente raríssimas exceções, que são os Adeptos e os Avatares aqui encarnados, escapam do domínio do dinheiro e da vaidade.  Quanto à coletividade do planeta, o que varia de pessoa a pessoa é o grau de apego a um dos três combustíveis, ou aos três conjuntamente.

 

O médium, acima de qualquer outra pessoa, está mais sujeito a se tornar apegado, além de suas próprias tendências, a um dos três combustíveis, ou aos três simultaneamente.  Isso porque, às suas tendências pessoais, suas tendências inatas, somam-se as tendências daqueles seres espirituais com ele associados.

 

Dissemos, somam-se.  Não dissemos, passam por ele as tendências dos seres por ele canalizado.  Esta é uma grave diferença que é bom não esquecer dela.  Uma coisa é passar, como o ar que respiramos e se vai.  Outra coisa é somar, pois nos chega e em nós permanece, tornando-se coisa própria, rotineira, habitual. 

Melhor dizendo, os atos pessoais, depois de instalada essa somatória, terão as características da nova maneira de ser e agir que as tendências somadas passam a influenciar.

 

Em razão de tudo isso vêm as ocorrências, conhecidas de todos, de médiuns que manipulam as energias em proveito mercantilista. 

Não estamos falando de terapeutas nos seus trabalhos clínicos.  Embora estes, também, às vezes sem o saber, estejam em atividade associativa com benfeitores espirituais, contudo, a formação que tiveram foi a de caráter profissional para atuarem como tratadores holísticos de saúde, sem a conotação implícita e explícita de associação mediúnica como é o caso do que aqui estamos tratando.

 

O médium, diferentemente de qualquer outro indivíduo, explicitamente desenvolve sua atividade em consonância com, e incorporando entidades espirituais. 

É destes, pois, que estamos tratando.  É para estes que estamos alertando   quanto  aos  perigos dos apegos desequilibrados aqueles combustíveis citados linhas acima.  O médium deve ter em mente o fato de que é tão só um instrumento.  Um instrumento a serviço cósmico.  O potencial psíquico que possui não lhe foi dado para exclusivo proveito pessoal.  Podemos exemplificar que sua potencialidade psíquica é comparada ao trabalho de uma árvore.

 

A árvore cresce, abre seus galhos formando bonita copa, sob a qual oferece sombra amiga ao repouso de quem dela se aproximar.  Se for uma árvore frutífera, além da sombra oferece, ainda, frutos com os quais dessedenta, ou mitiga a fome, deste mesmo que dela se aproximou.  Todos podem dela se aproximar. Esticar seus braços e beneficiar-se com os frutos, sem que ela a ninguém exclua ou recuse oferecer, desinteressadamente, seus frutos.  Depois que completa seu tempo de vida na Terra, a madeira que oferece continua nos lembrando do benefício que foi sua existência.

 

A árvore, pois, nessa seqüência das etapas de sua vida, foi um instrumento.  Sua figura física no planeta foi, tão só, a condensação e transformação de várias energias obtidas emprestadas do reino mineral e do ar.  Portanto, nada de si mesmo ela possuía.  Sua ação foi retribuir, com a generosidade da doação, tudo aquilo que ela mesma recebeu dentro desse contexto cósmico do vir-a-ser que preside a vida em todos os reinos.

 

Nós, os humanos, não somos diferentes disso.  O orgulho é que faz a pessoa se sentir como se ser SUPERIOR fosse.  Mas, do quê veio nosso corpo, e ao que ele retornará?  Como o exemplo da árvore, a morfologia do corpo humano nada mais é que a mesma condensação e transformação de várias energias obtidas, emprestadas, dos reinos mineral, vegetal e do ar.

 

Desta forma, a função mediúnica, sem querer atrelá-la a qualquer denominação religiosa ou filosófica, é uma função instrumental a ser utilizada em benefício de todos que do médium se acercar.  Mas, como seres humanos, ainda pertencentes a nível evolutivo dos menores, as criaturas da Terra estão sujeitas a se iludirem com aquilo que fazem.  

 

Logo, com a canalização não é diferente.  O médium, na maior parte dos casos, se ilude com ela, achando que é um ser superior.  Daí vêm as discrepâncias.  Médiuns que comercializam seus dons psíquicos; outros que prometem favorecimentos, como se fossem senhores do universo, como se pudessem mudar carmas de quem os visita; outros, ainda, em piores condições de uso, se submetem a tratos de magia para causar danos.

 

Disso tudo podemos dizer que uma tal pessoa é assalariada para o serviço de intercâmbio com os espíritos.  Mas que padrão de intercâmbio é esse?  Qual o grau de confiança que se pode ter nela?, ou nelas?  Evidentemente, e a prática tem confirmado, que uma tal associação entre médium e espíritos não é confiável.  Para estas pessoas, acima de tudo está a vaidade e o interesse financeiro.  Submetem-se à vaidade e se vendem. 

 

O médium recebe dinheiro e favores, e as entidades que com ele se associam, através dos corpos daqueles, recebem bebidas, alimentos e outras coisas que descreveremos abaixo.  Meramente um jogo de interesses.  Nem uns e nem outros, conhecem o que seja a real função da mediunidade.

 

Pois bem, a descrição acima é o retrato fiel da conseqüência comum para com todos aqueles que, desavisadamente, ou deliberadamente interesseiros, utilizam suas faculdades mediúnicas para atender interesses mundanos.  Tais pessoas vivem cercadas de espíritos vulgares que se prestam a qualquer ação, até mesmo por estarem sendo enganados, pois que também há essa possibilidade. 

 

Manter esses espíritos sob seus serviços exige do médium dar-lhes uma compensação.  Esses espíritos exigem alguma forma de pagamento de quem deles se utilizam.  Como nosso dinheiro não tem valor nas dimensões astrais, a paga que exigem dos médiuns que deles se servem é emprestar-lhes os corpos para que neles eles, os espíritos, revivam as sensações, sempre inferiores, para as quais ainda se sentem atraídos.  Exemplos:  alcoolismo, tabagismo, toxicomania, perversão sexual e outras formas de corrupção.

 

Com o passar do tempo nessa continuidade de ação, o médium se vulgariza igualando-se aos espíritos que com ele se associam, e os atendimentos se tornam apenas uma negociação sem escrúpulos.

 

Este é o grande risco que a mediunidade sem critérios causa na vida de quem a ela se entrega.  Em razão disso, as escolas que divulgam o conhecimento a respeito, e tratam da formação de médiuns, são enfáticas nesse esclarecimento, mostrando a razão dessa faculdade na Terra.  Algumas até o fazem de forma rigorosa, regidas por regulamentos disciplinares rígidos, como tentativa de afastar o indivíduo desses perigos que as somatórias de tendências podem levá-lo.

 

Nós, contudo, somos partidários de que a melhor forma de falar de segurança ao médium é a de tão somente instrui-lo.  Por isso nos esforçamos por fornecer, através dessas apostilas, o mais amplo horizonte de informações e recursos que nos é dado conhecer e experimentar. 

 

Agora, quanto à forma de utilizar essas informações, e do próprio potencial psíquico, isso fica inteiramente à vontade da pessoa em si.

 

Somos, invariavelmente, partidários do respeito à individualidade do SER.  Por ideal, cumpri-nos, apenas, o dever e o prazer de informar, jamais de nos arvorarmos em mestres.  É assim que os seres evoluem.  Conhecendo e experimentando.   Os riscos e suas conseqüências de como o fazem, pertencem a cada um, levados a isso por sua própria escolha.

 

Vejam o exemplo no cotidiano: uns usam o automóvel como instrumento de trabalho e facilitação da vida; outros, por se sentirem, ilusoriamente, superiores, têm no automóvel o instrumento de exibição.

 

Tudo é mera questão de matemática e fusão química dos elementos dinheiro, vaidade e amor universal.  Os efeitos que uma tal reação possa produzir em cada pessoa é resultado de sua própria vontade, pois o saber está à disposição de todas.

 

A mediunidade, portanto, concluímos nós, dependendo da forma de seu uso, pode ser a força ascensional a elevar o indivíduo às alturas da harmonia psíquica com seu carma pessoal, como poderá ser o vigoroso empurrão que o atire em profundo e infernal abismo consciencial.  A escolha é livre para cada um.

 

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Bibliografia

Como bibliografia para esta apostila indicamos o capítulo XI do livro LIBERTAÇÃO, editado pela Federação Espírita Brasileira, de autoria de André Luiz, espírito, e psicografado por Francisco Cândido Xavier, e o livro POSSESSÃO ESPIRITUAL, editado pela Editora Pensamento e de autoria de Edith Fiore.

 

Apostila escrita por

LUIZ ANTONIO BRASIL

Maio de 1995

Revisão em Outubro 2005

Distribuição gratuita citando a fonte

 

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